sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Retruco Do Gaudério #4

Imigrantes em nós mesmos

         Uma coisa que chama a minha atenção nas conversas mais filosóficas com o povo é que muita gente sente-se meio deslocada nesse mundão de "Meu Deus". O que vem a ser "sentir-se meio deslocado"?

         Não que eu mesmo nunca tenha dito isso, ou até mesmo sentido. Justamente pelo contrário! Todas as vezes em que alguém ler um texto meu, pode acreditar que ele veio de um cara que sentia-se deslocado. Uso a escrita para achar meu lugar no mundo quando tenho esse tipo de sensação. Essa sensação chega, pra mim, quando a cabeça fica vazia de pensamentos lógicos. Nesse momento, a única coisa que tenho para usar, o cérebro, é o que eu sinto. Nessa hora, vejo que "aspiro" muitas coisas que não tenho, mas não sinto mais o mesmo vazio que sentia antes. É como se as esperanças preenchessem um pouco do vazio que se cria na hora de "ouvir  os sentimentos".

         O que sentimos quando estamos "deslocados" é como se não pertencêssemos ao contexto em que estamos. Isso pode ser relativo à eterna insatisfação que o ser humano tem. Nós sempre buscamos mais do que temos. É como se nunca tivéssemos o que queremos, mesmo quando realizamos os nossos sonhos. Esse sentimento, essa necessidade, nos leva a buscar sempre a melhora de nossa situação, seja financeira, mental, ou qualquer outra. Quando bem trabalhados, esses sentimentos de insatisfação podem nos levar aos céus, caso busquemos sonhos possíveis de realizar. O problema é quando a coisa toda é desmedida. Essa insatisfação nos deixa sempre a sensação de que não somos notados e respeitados como deveríamos ser. Isso nos leva a pensar que aquele lugar em que estamos não é o nosso. Achamos que o motivo dessa sensação é estar longe de casa(seja a terra de origem, seja o lugar onde nos sentimos seguros). Na verdade, esse não é bem o motivo... O problema todo vem de dentro de nós, dessa insatisfação que temos. Aprendi MUITO sobre isso com alguns amigos que adaptam-se rapidamente a qualquer ambiente. Essas pessoas não fazem nenhuma mágica, apenas não criam expectativas sobre nada. Como dizemos lá no Rio Grande do Sul, entram de "Sangue Doce" nos lugares. Como o povo não espera nada, nem quer "se mostrar" para ninguém, acaba tornando-se MAIS UM no meio da massa de gente. Nesse momento, a pessoa sente-se mais à vontade e acaba sendo acolhida pelo seu próprio coração. Fica "em casa" dentro de si mesma. Sentindo-se acolhida, a pessoa torna-se mais leve e simpática, acaba sendo mais receptiva às ideias e conversas, o que acaba chamando a atenção dos outros e mostrando o lado único daquela pessoa.

                 OPA!!!!  Esse não é o contrário do objetivo de "Se misturar à galera"?!??!

         Claro que era, mas as coisas acontecem por motivos diferentes. Quando chamamos a atenção "sem querer", é porque as pessoas notaram alguma coisa que é nossa, que é verdadeira. Esse é o jeito certo de chamar a atenção. Quando "armamos o circo" e nos produzimos para chamar a atenção, somos notados por algo que não somos e acabamos nos sentindo deslocados e vazios logo que as máscaras da produção são removidas.


Versão do Pouca Vogal, com o Duca Leindecker, em homenagem à Darla


Siga: @mdace80

4 comentários:

  1. Aí Maurício, parabéns!
    Tenho orgulho de "trabalhar" com você!

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  2. E, então, meu caro Maurício... Desta vez faltou pouco pra que algumas lágrimas me fossem arrancadas. Seguramente o melhor dos presentes que já deixaste por aqui... E devo mais uma vez mostrar-me grata...Primeiro pela música maravilhosa... segundo por acrescentar a letra a presença de Duka Leindecker, cuja postura eu muito admiro...

    Parabéns e obrigada...

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  3. Gurias, só vou dizer uma coisa que vai expressar tudo o que sinto:

    ADORO VOCÊS!!!!!

    sem mais...

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  4. Nossa , muito bom Maurício, parabéns meesmo!
    (JordanaF.)

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