Sobre a Autora



Sobre a Autora


Era manhã do dia 08 de março do ano de 1984, quando os olhos pequenos, de um tom ainda azulado depararam-se pela primeira vez com a luz... De um parto difícil em que o cordão umbilical teimava em impedir o ar de entrar nos pulmões, nasceu esta que vos escreve...
A infância foi vivida na cidade de Gravatal, extremo sul de Santa Catarina, onde ainda resido atualmente. Desde muito cedo perder-se em leituras profundas e intensas parecia-me algo natural. As primeiras linhas foram escritas ainda aos 9 anos, quando a saúde passou por obstáculos difíceis de serem superados. Aos 10 anos, publiquei meu primeiro escrito... Aos 11 anos, numa parceria de crianças e adolescentes do município de Braço do Norte, cidade vizinha àquela na qual resido, por alusão ao aniversário da cidade, tive a seguinte poesia, que abordava cidadania, publicada entre 60 trabalhos escolhidos para publicação.


"A BUSCA DE UM CIDADÃO

Meu senhor cidadão,
Diga o que buscas agora:
A mentira de amanhã
Ou a felicidade de outrora? 

Buscas fraternidade?
Buscas glória, meu cidadão?
Porém, vendida foi a verdade,
Emprestado o perdão.

Use a consciência;
Use a Ciência, cidadão;
Declare a sua independência,
Que a vida não é brincadeira, não.

Honra-te por ser brasileiro,
Por ter tão belo coração;
País, local seresteiro;
Brasil, música do sertão.

Vai cidadão;
Luta com muita destreza,
Defende este país,
Que tem no coração a natureza".

(Publicada no livro Braço do Norte em Prosa e Verso, 1995)
Nos anos seguintes, a estrada se fez de escola e mais escola e leituras intensas. A paixão pela poesia sempre sendo depositada em diários e cadernos que com o tempo envelheceram suas folhas, mas intensificaram as marcas. Com frequência as poesias e os cadernos eram compartilhados com amigos queridos que os liam e opinavam a respeito. A escrita nunca foi uma escolha, sempre foi uma libertação. Com a conclusão do Ensino Médio e a incerteza gritante do que 'ser quando crescer', dois cursos técnicos desenrolaram-se pelo caminho desta que vos escreve. Durante o cursar de Administração e Contabilidade, aulas de canto e violão clássico e poesias arremessadas ao papel com intensa frequência. No ano de 2004, um anjo apareceu no balcão do espaço comercial em que esta trabalhava. Auri Antônio Suidati , um dos fundadores do "Letras Santiaguenses", jornal de publicação literária veiculado na cidade Santiago (RS), ouvira da escrita que esta compartihava com amigos e trazia um convite para publicar um desses escritos em seu jornal. A pedido de Auri, a poesia publicada abordava uma visão da autora que aqui vos escreve acerca de sua terra natal. Em Fevereiro de 2004, a seguinte poesia era publicada nas páginas do "Letras Santiaguenses":

"NOSSO CHÃO

É o terraço iluminado,
Prateado ou dourado.
O palco das ilusões,
O convés da alegria,
A cama da fantasia,
O arrebatar dos corações.
O avistar do salgueiro,
O prender de um viveiro, 
Um amor que acabou.
É o nascer da claridade,
É a ara da saudade,
O pássaro que voou.
São as roupas dependuradas,
As aves agitadas
Aplaudindo o festival.
Dão os carros coloridos,
Mal vestindo os vestidos,
Uma súplica nacional.
É a porta já sem trinco,
A gata em teto de zinco,
São as estrelas no chão...
Minha mente distraída,
Lembrando da nossa vida
Ao toque do violão".
(Publicado no jornal literário "Letras Santiaguenses", 2004)

Em 2006, a vida e a estrada, as leituras  e a paixão por ciências humanas e pelos mistérios do passado, dinâmicas políticas e engendramentos sociais, guiram-me pelo caminho da História. Em 2009, já em sala de aula, a Especialização em História Social pareceu uma circunstância óbvia diante das preferências dantes aqui já repetidas. Ainda em 2009, em vínculo com a E.E.B. Werner Knabben de Braço do Norte, esta que vos escreve esteve engajada em um projeto nacional de incentivo à leitura, no qual compôs e apresentou de forma itinerante a seguinte poesia musicada:

"SONHO DE MENINO

Ler para entender o que o mundo quer dizer
Para encontrar a solução
Ler para encantar um coração
Ler é viajar pela imensidão do mar
É respirar um novo mundo
Um passaporte para sonhar.

Eu vou voar
E em cada volta que o mundo dá
Sonhar
Que as palavras podem tudo transformar
Não vou deixar de acreditar.

Vou virar a página do destino
Em uma poesia como eu sempre quis
Vou realizar meu sonho de menino
Este conto de fadas tem final feliz.

Ler é transformar a sua vida em beabá
É entender que além do livro
Há um mistério a desvendar
Ler é despertar pr'o mundo que existe ao seu redor
E pra beleza desse mundo
Que nunca pára de girar".
(Canção participante do Projeto de Incentivo à leitura do Governo Federal, 2009)

Cursando atualmente, complementação em Sociologia, lecionando desde 2009, lendo sempre, escrevendo mais do que lendo, pensando, observando, refletindo, sentindo, caminhando... De abril para maio de 2011, a ideia de pôr o blog criado, no ano anterior, para funcionar ganhou forma. Desde maio as postagens passaram a ser compartilhadas, atraindo para a felicidade desta que vos escreve um índice muito bom de acessos. Acessos esses que se devem ao carinho dos amigos e leitores que compartilham as palavras com que se identificam. Em agosto de 2011, inscrevi-me sem planejamento para um Concurso de Poesia Urbana realizado pela UNIFEBE (Centro Universitário de Brusque), tendo a poesia construída, dentro dos limites estipulados pelo concurso, sido escolhida para estar no rol das 80 composições a trafegar em espaços urbanos e, entre as 25 composições para exposição itinerante por espaços públicos da cidade de Brusque e regiões vizinhas. Segue a poesia inscrita e escolhida pela UNIFEBE:
"O HOMEM

No canto do mundo
Na curva da estrada
Em filas infindas
O homem respira
O homem inspira
Confusas palavras

Ruidosos sorrisos
Estrelas cadentes
Em ruas lotadas
Na vida latente

No pó da estrada
A mão desvalida
Cansado do nada
Do tudo e da vida".
(Poesia selecionada pela UNIFEBE, 2011)

Estudar, ler, observar e crescer sempre... Nada mais forte e mais real que isso... Nada mais necessário... Há misérias humanas na esquina da vida... Há poesias no respirar, no vôo e no pouso... Há poesias nas flores e, também, há nos espinhos... Ninguém é mais forte do que a poesia, porque todos são parte dela, porque ela é parte de todos... Escrever nunca foi uma escolha, escrever é uma forma de respirar e libertar um mundo para além do mundo... E toda vez que o leitor reage é sinal de que a escrita o leu tão profundamente quanto desejava ser lida... Sou feita de um desejo eterno de me perder em livros e de uma fascinação por me libertar na escrita... Não há rótulos, nem linhas, nem nada... A escrita, a palavra... Falam, por si só. 


Agradeço a todos os que seguem esta ideia, compartilham de suas sentimentalidades, lêem estas entrelinhas e deixo-os a citação de um homem que libertava na escrita o que não libertava em vivência...

"E você tem existido para sempre, e vai existir para sempre, e todas as pancadas do teu pé cansado nas portas inocentes do armário foram apenas o Vazio fingindo ser um homem que fingia não conhecer o Vazio". (Jack Kerouac)

Abraços,
Darla Medeiros