quinta-feira, 20 de outubro de 2011

De Pó e de Poesia XLIV

 

Plumas e Poesia

Leve, leve, leve...
Mesmo não sendo doce...
Mesmo ainda sendo breve...
Que a dor é letal,
Minha pequena...
Que a dor é um carnaval,
Disfarçado de problema...
Que a dor é pião sem rumo...
Bailando pelo seu chão...
Palavras, poemas, tudo...
É um pouco de um coração...
Nem sempre tão insensível...
Nem sempre tão sonhador...
Tão grande quanto visível...
Tão amante quanto amor...
Desfaz esta construção
De que o muro é que te protege...
Se ainda tens medo de escuro...
É outro olhar que te rege...
Retorna Saturno, então...
E vem te pedir, seja leve...
Que as pedras da construção...
Transformam-se em ribanceira
A deixam sem eira ou beira...
Qual telhado do século que passou...
Menina, doce menina...
Haverás de ter leveza...
Que a vida até sem beleza...
Traçando o caminho, ensina...
Te deixa pensar em água...
Te deixa pensar em fogo...
Na vida que em vão daságua...
No desatar sem conforto...
De um laço que te prendia...
Menina, doce menina...
Eu quis te fazer poesia...
Guardei palavras tão tristes...
Guardei profunda agonia...
Falei de sorrisos e existes...
Para a minha total alegria...
Na harmonia de escrever...
A doçura e a leveza...
Que por certo ainda irei ler...
Falando com toda a certeza...
Que agora irás ser feliz...
A sua tristeza por um triz...
Estamos tentando...
A leveza que governe...
A ternura que te liberte...
Que toda a incerteza iberne...
E você não esteja mais inerte...
Deixe as lágrimas, menina...
Elas transbordam um pouco de você...
Não queira tudo entender...
Não se deixe tudo sentir...
Que a vida é escola e ensina...
No jogo de sobreviver...
Que é preciso ter leveza...
Pra fazer-se aprendizado...
Que a sua natureza...
É parte de um legado...
Que os outros terão de ti...
Menina, pode dormir...
Seu sono será velado...
Seu choro será consolado...
Suas palavras serão compreendidas...
Suas linhas serão bem lidas...
Pode dormir sem medo...
Sem medo de não acordar...
Posso contar um segredo? 
Eu também não sei jogar...
Eu não sei jogar por mim...
Mas aprendi com o tempo
que é estrangeiro caprichoso
Que todo e qualquer lamento
torna menos prazeroso
o ato de respirar...
Pode chorar, pode dormir, 
pode despreocupadamente sonhar...
terás colo a te envolver,
terás colo a te abraçar...
Menina, doce menina...
Tão certo quanto as ondas do mar...
Tão certo quanto as gotas de chuva...
Tão certo quanto a metafísica...
Estaremos todos,
Estaremos tolos...
A buscar a leveza que você sempre teve...
Que você sempre teve e não soube...
Que a vida é estranha amiga...
Que a vida que em mim não coube...
Eu dividirei com você...

"As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade". 
(Víctor Hugo)

2 comentários:

  1. Cada vez que passo por aqui, vejos o lírios nos campos, e sinto mais perceptívelmente o perfume do jasmim... seu blog é muito lindo.

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  2. O que enxergamos no mundo ao nosso redor e nas coisas e pessoas que o formam é um reflexo do que somos... Se enxergas beleza por aqui é porque esta beleza está em você... Obrigada pela presença e a gentileza das palavras... A escrita e o gosto por ela agradecem quem com ela se identifica.

    Abraço.

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