sábado, 18 de junho de 2011

Prosas que o Mundo dá XX


A cruz...

...que o homem de barbas compridas e olhar de menino carrega, cravou-se em suas costas como muitos lutos e fantasmas que ele nunca deixou para trás... Além da ponte, da vida e do som que explode de sua garganta e das crianças e dos destinos traçados... Além, muito além do quarto de vestir onde despiu-se das mentiras sociais em que foi criado, ele aprendeu que verdade se defende com unhas e dentes... Marcou sua pele com as verdades que alimenta e chorou saudades do amigo que se foi levado por mãos infelizes de um homem de caminho incerto... Escreveu em tantas músicas, mundos e sonhos e amores, que nem posso afirmar se viveu... Tornou-se um exemplo de admiração, depois um alvo de repulsa, depois um poço de incompreensão para consigo mesmo e quase perdeu aqueles que o cercavam... O homem com cara de mau... Palavras ácidas, ácidas atitudes... Homem que traçou uma estrada onde a tolerância às falhas e modismos não existe... Autêntico... Violão em punho... Sarau aos heróis... Levantando bandeiras à cidadania... Observado por todos os lados há um tempo... Há trinta e poucos anos respirando este ar, mas vivendo há quantos estará? Um homem que aprende a viver sem algo todos os dias e que declara o medo da solidão e da saudade em que se desfez e em que ainda se desfaz... Porque o mundo pode acreditar que o homem se liberta das ausências todos os dias de sua vida, mas suas palavras, quando poéticas, saudosas e, quando críticas, ácidas, demonstram a necessidade de ter um algo em que se apegar... Ele sentou-se à beira da estrada, em um dia confuso, sem mãos em que se apegar, sem olhares para lhe indicar a direção, em prantos... O pó da estrada misturava-se ao sal das lágrimas caídas... Os braços fortes pendiam sob um ombro largo de homem feito... Pensou em pular ao precipício divisado ao horizonte por seus olhos embaçados... Ensaiou os primeiros passos rumo a ele e ... Acordou do pesadelo desperto em que se encontrava... Percebeu nos mesmos passos que o levavam ao precipício uma possibilidade de retornar ao seu caminho em meio à estrada empoeirada...Os óculos escuros a lhe encobrir os fantasmas que o olhar denuncia, nas orelhas a marca da vivência, nas palavras o peso das experiência... No cantar, um canto ao abismo sem fim onde mergulha um povo inteiro por seu egoísmo... Roupas negras, alma em que pesa uma saudade e um coração... Pai, amigo, caráter e personalidade, sonhos feitos do pó da estrada e das lágrimas doídas de saudade... Amor de homem, verdade de cidadão...É... Luis Guilherme... Teus passos e teus caminhos fizeram história e tua história inspirou e inspira pessoas e caminhos... Um amigo se foi, outros tantos vieram... Os filhos crescem... As rotinas aparecem... Mas a história é redundante... Os homens ainda vivem em busca de algo que nem sabem se existe... Não percebem que coragem de fugir é medo de ficar... E fogem... Fogem porque falta forças para enfrentar... Fogem porque é mais fácil e as pessoas estão cansadas do que é mais difícil ou acostumadas às facilidades... Toma a direção desta nave a que chama de vida, o homem... O menino... O pai... O poeta... O político, por vezes, filósofo... O confuso... Luis Guilherme... No viver de meados da terceira década de sua vida... Entre músicas, palavras, atitudes e silêncios... Luis Guilherme: um homem feito de saudades, ausências, vontades, olhares de criança, força de adulto, carinho de pai, presença de amigo, líder de muitos, criticado por alguns... Mas com certeza não indiferente a uma única criatura pensante... E se pensas... Quem é o tal Luis Guilherme? Anime-se! Luis Guilherme posso ser eu e pode ser você... Contanto que ainda permaneça sendo aquele que tem as rédeas da própria vida e que representa vários papéis em um mesmo filme... Polivalente e certamente um cara estranho a olhos inexperientes e mal preparados, mas com certeza um vencedor em seu próprio jogo de iludir... Porque ninguém suporta toda a verdade sobre alguém... Nem mesmo se esse próprio alguém é um reflexo no espelho...

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