segunda-feira, 11 de julho de 2011

Partes de Mim IV


Eu quero mais...

Se me dão a curva, eu buscarei a estrada...
Se me dão sorriso, quero os lábios sábios passageiros de um rosto
a que o desgosto que eu conheço me remetem
e me impedem de tentar tocá-los novamente
minha mente é um poço sem fundo
onde me afundo em pensamentos incoerentes
mas displicente é nem tê-los para pensar
delirar passagens obscuras
linhas duras sem sorriso, nem curva e nem estrada
jaz cansada uma alma que nem foi corpo
um pássaro morto que nunca soube voar
viajar? tornou-se então uma infame ousadia
poesia? morta está por suas palavras que desconheço
se esqueço do que nunca vi relembro agora
perdi-me na hora de falar-te do que nem sei
viajei na bela combinação de sua comunicação verbal..
mas não me leve a mal... eu quero mais
pois não me satisfaz apenas a palavra bem falada
quero estrada, abraço apertado, calor humano
não profano seu espaço de ser você
mas quero crer que é possível
ou concebíbel gostar do que não se dissipa
irrita o sorriso que não é de verdade
impiedade da rede social pela qual não te posso tocar
haverei de estar entre a incerteza do vazio
arredio ao tudo ou ao nada que nem sei se existiu
mas existe algo de mim em mim mesmo que quer fugir
reagir negativamente a uma ausência
uma indecência que suplanta o seu olhar...

**********

Vem que o que te espera nunca foi simples...
que minha mente é uma porta aberta, mas é uma janela fechada...
que os meus discos e livros e minhas palavras
são pensantes pedaços de um ser que não sabe mais ser como era...
Vem que tudo o que parece ser certo, nunca foi
que toda vez que você liga a televisão desliga mais uma ideia brilhante...
Vem, minha doce criança, que eu te acolho...
Não como uma mãe mas como uma promessa...
não como uma ameaça, mas como a desgraça fremente de se cumprir...
se quero sorrir?
sim eu quero, todavia que não seja para vestir a máscara...
se eu me transformar no que ela vende, não mais serei eu...
minhas unhas vermelhas e meus dedos tão gélidos...
tecem palavras em torrenciais frases sem sentidos bilaterais...
não há outro alguém nesta linha pela qual disco um número qualquer...
Você a quem me refiro, não tem rosto...
você é só mais um par de qualquer coisa, uma parte do todo ou do nada
uma massa manobrada e eu?
eu quero mais...
mais do que isso pra você e, talvez, pra mim
estou gritanto, mas em sussuros porque todos dormem do lado de fora da porta...
as lágrimas que choro não se derramam pois precisarão ser explicadas
desesperadas as lágrimas se envergonham...
as palavras se retraem...
finalmente...
em displicente polidez...
a sensatez suposta pelo mundo
constrói um imundo contentamento ilusório para mim
como se assim.. gritanto em silêncio e chorando em seco..
eu realmente tivesse mais...
como se iguais fossem a minha necessidade de abraço e meu descontentamento com um todo muito maior...
como algo que assusta, revolta, incomoda, mas todos julgam impossível
inadmissível lutar pela liberdade...
quando a porta está aberta, mas ninguém se atreve a conhcer o que há do lado de fora...
mas... eu ainda quer mais e um dia será chegada a hora...

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