sábado, 9 de julho de 2011

A Força do Silêncio VII


Silêncio...

O silêncio agride a alma humana e a abraça...
Transpassa o corpo como uma lança afiada...
é uma faca de dois gumes...
Para a alma ansiosa de palavras o silêncio é desumano
Profano ato incompreendido
Descabido caminho para o desencontro
e há um ponto em que dissolve a esperança
Lembrança esta que se esvai
cai o mundo e mil pedaços se fazem
e não refazem as palavras despejadas sem sentido
atrevido aquele que fala quando não deve
que se atreve a agredir frágeis ouvidos
entristecidos com palavras redundantes
ressonantes seres questionam
por que se impressionam tão fácil assim
ai de mim... caído em prantos por teu calar
a chorar lágrimas falsas de saudade
silêncio que arde e queima o coração
vira ilusão em ouvidos despreparados
escorre por entre os dedos como areia movediça
atiça com seu calar tantas sensações
emoções que se desenrolam como ondas
se sondas os meus passos verás
que se me calo, há também certa acidez no meu calar
desaprendi a silenciar
e grito mesmo sem palavras
o ódio intenso de mim mesmo
ser cristão desconformado
que nem mais cristão consegue ser
ateu ensurdecido que não quer mais ouvir
mãos que cobrem meus ouvidos e dissipam a minha calma
de uma irmandade forjada para o "bem" de todos
escorrem as máscaras dos rostos
com gostos estranhos dissolve-se a mentira
mas por ira para alguns ainda parecer-se há com a verdade
não há conformidade que explique
porque o silêncio é tão verdadeiro
e sorrateiro também tão falso se parece
transparece às vistas humanas o que bem quer
e se quiser a fonte de que bebes
pode ser uma verdade estranha
uma estranha mentira absoluta
distúrbio de conduta ou mutável realidade
paisagem distorcida aos olhos que os ouvidos não dominaram
e os lábios pouco sabem do silêncio que deles exigem
eles apenas calam... o tempo escorre
a máscara transmuta-se em rosto
os lábios calam-se em desgosto
a mentira bem contada ou nem dita
transforma-se em verdade bem cotada ou preferida
dependendo da vista de cada ponto ou de cada ponto de vista ou mesmo
de uma linha tênue que se perdeu a esmo
entre a pureza de ser quem é
e a necessidade de se fazer
como alguém que não mais quer
com ninguém se parecer...



2 comentários:

  1. "atrevido aquele que fala quando não deve
    que se atreve a agredir frágeis ouvidos
    entristecidos com palavras redundantes
    ressonantes seres questionam" - muito bom

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  2. grata pela sensibilidade da compreensão que me dedica...

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