sexta-feira, 15 de julho de 2011

De Pó e de Poesia XVIII


Se me abraças...

Se seus braços de amor envolvem meu ser
como saber que amor não é apenas uma confusão?
ilusão... apaixonante sensação que não passará do primeiro dia
sintonia que estranha invade a alma, se é que ela existe 
e insiste em pulsar no peito mesmo que ele não ame
chame meu nome, mas saiba quem sou
errou agora em tentar, pois nem eu sei
calei meu mundo antes de entender
não sei dizer o que de mal há nele
dele somente coisas boas também não vejo
almejo o dia do abraço
cansaço de nunca tê-lo tido
perdido ainda estou por não conhecer seu rosto
e um gosto de saudade estranho toma espaços
compassos descompassados de quem tenta pulsar
alçar vôos mais altos quando perde-se o horizonte
por que ponte atravessa-se a vida
comprimida tristeza de não ter sonho qualquer
mulher-menina é sempre assim
até o fim um ser apaixonado
obstinado por alguém ou pelo sentimento em si
ela ri e não entende meias verdades
vaidades são apenas linhas imaginárias
párias de um vazio para além dela
quando a janela for se fechar
entrincheirar um sentimento qualquer
se vier um novo dia há o abraço
a fortificar com aço a solidão de alguém
além de qualquer meio termo ou silêncio
estou propenso a viver de brisa
rumoriza nos seus passos o meu ser só
como o pó esvoaçante da estrada deserta
estrela desperta que se faz gota de água salgada
flor deformada pela lágrima do adeus
não são seus os meus mais intensos vazios
arredios sentimentos detrás da porta
comporta-se o menino como alguém que foge de si mesmo
escorrega a esmo pela inclinação do terreno
sereno sorri mesmo sem ter razão
ilusão e paixão são palavras desorganizadas
emboladas sensações
canções do homem sem rosto
com gosto igual ao meu
gineceu, puro homem além do nada
desconfiada nem sei o que há lá
mas há de haver um coração que pulsa
uma mente que se esquiva
um sonhador que questiona o mundo
uma criatura que não se conforma
há de haver o incerto, mas há de haver uma certeza qualquer
não deverá ser pois o cartesiano vazio
arredio em palavras será pouco mais que filosofia
travestido de palavras ácidas poesia retorcida
ideologia perdida ou nem sequer encontrada
nesta madrugada as palavras me abraçam sem que me abrace o ser
quer entender?
não sinto o que toco, sinto o que me toca
o que traveste minha mente de pensamento e me faz ser
ou pelo menos querer, o espaço incalculável reduzido drasticamente 
e transformado no gesto que mais conforta e no que menos tenho real 
entre as paredes do quarto de dormir
entre noites insones que passo aqui
sozinho em ponto de transformar fios em entrelinhas perigosas
entrego-me às rosas... perfumadas e belas...
e se nelas, por ventura, os espinham ferirem
há de ser apenas um aviso...
tudo o que realmente importa não vem fácil demais e nem tão pouco vai embora
é hora de calar...

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