domingo, 17 de julho de 2011

De Pó e de Poesia XIX


Face

De que vale a pressa pela estrada incerta?
De que vale o amor se a rua é deserta?
De que vale o tempo se a poeira desorienta?
De que vale a dor que não se aguenta?
Sofrimento? De que vale o sorriso?
Estrelas ofuscadas, passos imprecisos...
Tenho medo de tudo e de nada...
Sou alguém: alma confusa, arte inacabada
Mãos frias e coração ainda mais...
Sou tudo aquilo que jamais
o comum considerará comum...
Sou muitos, mesmo sendo apenas um...
Personagens representando a vida...
Sou porto de chegada, sou porta de partida,
máscara que se adequa ao rosto...
Sou de muitos, o desgosto,
pálida face da solidão...
Tento parecer domínio da mente sobre o coração...
Aparências... Nada seria no mundo sem elas...
A vida observo de muitas janelas
As que se abrem e as que observo fechadas...
Eu já quis escolher uma estrada...
Mas antes que eu pudesse ela me escolheu
e me acolheu em seus braços...

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sem máscaras para mentir ao mundo
com a liberdade de ir ao fundo 
de tudo e do todo e voltar
abrir os braços sobrevoar
um mundo que não foi feito pra mim
se é pecado sentir assim
haverá um inferno a me esperar
onde não haja um fingir
onde não se mascare o sentir
em gotas de água salgada
que adormeçam no conforto dos lábios
no silêncio das feições
nos revezes da razão
o conforto que procuro
o meu medo de escuro
a calma de braços seguros
a transposição dos muros
que ao meu redor construí
eu fugirei
eu sempre fujo do que pode expor meu universo particular
do que pode realmente me desmascarar
corro por caminhos incertos
por medo de chegar
ou de precisar partir
existir consome todas as minhas forças...
se me esquivo, me escondo, me evito...
se simplesmente me faço invisível...
se sou quem realmente sou apenas entre quato paredes
eu frustro quem me espera...
espero quem me frustra
eu me esmero, me supero, me canso e começo tudo de novo
meus dias não tem cor
porque ela não me satisfaz
meus dias perfeitos não tem sol e nem pássaros cantando
eu sorrio em tardes nubladas
e me contento com o frio
sou um peso inerte em um mundo que não sabe dele o que fazer
me diverte o que quase ninguém pode entender
detesto quando falo do que ninguém viu
prefiro que me falem do que nunca vi
posso ser algo entre a loucura e a insensatez
e posso não ser nada disso
no dia em que minhas palavras bastarem
para dizer daquilo que sou
não mais serei o que me satisfaz e terei me tornado em vã solidão
a máscara que ostentei para todos e então
livros e músicas e dias acumulados
serão um vazio do qual não recordarei
teço sonhos invisíveis em linhas pouco compreensíveis
talvez eu fale de mim
talvez eu nem saiba quem sou
talvez se engane todo aquele que tente compreender
talvez me guarde feliz quem apenas aceitar...



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