segunda-feira, 18 de julho de 2011

Partes de Mim V


  De mim...

O toque derrama em líquido quente
sólido, solvente, sedento
em lamento de amor recordado
arrepiado o espaço entre o tempo e o abraço
e o canto do acalanto, nervos de aço
flor de menina o sol que te fez mulher
o céu para onde vier
do inferno em que consagrei meu vício
suplício da triste figura
em que transfigura a face do cavaleiro
arqueiro de flechas perdidas
anjo confuso comprando amor
derramando paixão em gotas de calor
ardor... silêncio
imenso minuto em que o corpo estremece
adormece o pensamento que repousa
perdido no ofegar de um instante
redundante sensação 
pulsação de ausência de ar
amar como o que se quer em palavras
sentir com tudo o que não explicavas
sonhar mesmo que os segundos se confundam
mentir na intensidade das sensações
paixões são ondas que oscilam
transpiram poesias sem sentido
comprimido o peito desconsola
em triste paisagem um vazio
arredio o corpo
morto repousa em seus braços
e eles são o espaço em que me encontro
o segundo em que me entendo
suspendo as palavras
refaço estradas
sou menino perdido que segura a sua mão
criança com medo de avião
solitário que teme a solidão
solução um passo para qualquer caminho
carinho uma tênue insinuação
ilusão a pele em que deito
meu leito mais acolhedor
minha dor mais suportável
minhas três palavras mais verdadeiras
solidão, saudade, vazio
Solidão em que me escondo por opção
quando o coração frio apenas repousa
ousa a saudade de algo que não vi
morar aqui dentro de um EU que nem sei se existe
insiste ainda assim
em morar em mim um sonho arredio
parecido ao vazio
com que outros definem as suas existências
....
A timidez do toque primeiro
verdadeiro instante em que reconheço
o anjo em meio à multidão
mas desconheço a mágica de que falava
enquanto a chuva se derramava
o frio caiu como uma benção
cuja divindade eu poderia questionar
desolação fez-se morada
alma amparada
no conceito de um crente qualquer
se vier que venha livre
que não se prive nem do tempo, nem do espaço
que traga no abraço a porta para o mundo
o profundo olhar que não cale
que fale pouco, mas que seja intenso
imenso universo que se prenda além da neblina
serei, então, talvez, menina... aprendiz...
Flor de Lis... de Lótus... de hastes espinhosas
mãos carinhosas...
olhares fugidios e sentimentos vazios
cheios de um algo que não reconheço
desmereço seu olhar
mas não o recuso
quente como o tempo em que o espaço não me compreende
eu espero
as horas escorrem e as palavras 
ah as palavras sempre falam por si
estou aqui
de corpo presente
como uma mente viajante...
apenas mais uma alma errante a esperar...
um ex-navegante que não sabe onde aportar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário