quarta-feira, 20 de julho de 2011

De Pó e de Poesia XX


Duas portas...

Se emprestas teus olhos em tardes nebulosas...
Sorrisos me escondem por trás da distância
são brilhos, caminhos, espinhos e rosas
sinuosas passagens, miragens, constâncias...
Brilhantes as portas por onde almejo entrar
repousar em palavras, sentidos, razões...
emoções falhas que não tento explicar
sentir, ousar, mirar o castelo de ilusões
ou de cartas arremessadas 
sem estratégia ou explicação
sensação desconhecida, pulsação, incerta estrada
último respiro, bate um coração...
há uma estrada além da porta
que esta alma torta tenta evitar
por medo, por vida, por hora falida, comum alma morta...
tão negro o caminho...
espertos os olhos...
janelas da alma, recebe em carinho
reticentes os sonhos
de olhos abertos e mente fechada
de pés largados em longa estrada
..........
pelo breve instante em que pulo a janela
pela calma sincera dos dias nublados
pela espera mais doce, a letra mais bela
pela presença recente, presente presente
de presença e de regalo...
e de estalo e de escudo...
meu mudo sorriso não sabe sorrir
minha estrada torta não sabe seguir
minha fuga, menina, sem ter pra onde ir...
um instante, um espasmo, um marasmo
antes de alguém pousar meu espírito de ser descrente
na mente a doçura e o negro lápis de adornar
repensar meu dia é relembrar
palavras de alguém, acordado encontrar
um sonho, um sentido, uma confusa sensação
de bem estar, estar bem, de se perder
e arder na vontade de encontrar-se no espaço que separa o abraço...
ou na alma que parece minha...
na cor da veste que veste o homem...
há o peso do mundo que me consome...
nas unhas, nos olhos, cabelos, na noite
no calor que está aqui, mesmo se chove e faz frio
como hostil constatação de um anti-herói interessante
que fascina como a lua em fases e pulsa com vezes de infante

todavia ainda há o espaço...
a espera...
a triste saudade do abraço...
aquele que nunca dei...
aquele que nunca me foi dado...

Nenhum comentário:

Postar um comentário