terça-feira, 14 de junho de 2011

A Força do Silêncio III


De Longe...

... os milhares que caminham pelas ruas da capital , parecem apenas milhares de pessoas em busca de algo... Mas eles são muito mais do que impressões que se possa ter a seu respeito... Os milhares lutam, reclamam e tem sonhos com cheiro de tinta guache e empoeirados pelo giz, sonhos escritos à caneta, sonhos compostos de palavras, sonhos que se parecem às tantas histórias das aulas de outrora... O mar de saber literal apita, grita, gesticula, implora por atenção, valorização, visibilidade... Homens e mulheres de tantas cores, ideias, idades... Sábios professores... Base social destinada ao abandono governamental... As mãos empunham bandeiras e erguem-se em protesto... Os pés decididos sabem que só há um caminho a trilhar... Verbas desviadas, sonhos distorcidos, importância minimizada, desvalorização... Chora o professor galgando sozinho uma longa e pesada caminhada, uma batalha... Os sons que se ouve podem ser facilmente confundidos com as buzinas... As vozes são iguais a tantas outras, mas o brilho nos olhos, a firmeza das mãos, a fortaleza do caráter, a criticidade e o carinho da postura profissional, o tornam único... Os tantos que passam por sua mão têm memória curta... As sementes germinadas já colhem seus frutos, mas ninguém lembra do semeador... Debaixo de chuva, no calor escaldante, no ônibus lotado, nas longas madrugadas insones, nos finais de semana interrompidos, no cônjuge insatisfeito, nos filhos e em suas necessidades não supridas, há um pouco de um coração que tomou para si o dever de salvar vários mundos particulares e universais e que o faz a cada dia sem pedir nada mais do que um olhar, um reconhecimento, um incentivo, um "obrigado".

Um comentário:

  1. é elgal a forma que você transmite seu ponto de vista do dia-dia, de forma poética sem deixar de ser conto ou crônica, parabéns

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