terça-feira, 28 de junho de 2011

Prosas que o Mundo dá XXI


Guitar man...

Era uma vez, um pequeno menino de olhos claros e sonhos não tão claros assim... Era uma vez, um menino pequenino que tinha sonhos muito grandes... Era uma vez, como em tantas vezes na sua e em outras gerações, um menino que se apaixonou pelos sons de um instrumento e pelas sensações e estéticas dele... O tempo passou, o sonho cresceu e ele se apaixonava mais... Sempre mais, por tudo aquilo que a mãe desde a mais tenra infância dissera não ter futuro... Escreveu os seus poemas, compôs seus versos, criou suas melodias... Enfim, manifestou sensações e sentimentos das formas que mais lhe apraziam... Ele não sonhou ganhar o mundo, mas batalhou, estudou e tentou todos os dias com mais e mais teimosia ter um espaço... Ele não quis ser mais um... Seus cabelos cresceram e suas ideias ganharam corpo e forma...As mãos ágeis tornaram-se o veículo de muitas sentimentalidades afloradas... Uma perfeita simetria ao revés de todos os contras tornou homem e instrumento apenas um... Interligadas as notas, improváveis acordes, sinergia... Das mãos do poeta das cordas desenrolaram-se afáveis carinhos aos ouvidos de muitos que, por vezes, nem mesmo entendem toda a potencialidade e efusão de sensações e de superação ali reunidos... O menino, agora, homem, foi para cidade grande... Nada lhe pareceu ainda maior, no entanto, do que a estranha relação em que tornou-se ele uma extensão do instrumento e o instrumento uma extensão de si... Nas melodias longas e trabalhadas, galgando progressões e, ao mesmo tempo, uma acidez metálica do bom e velho rock'n roll que dominou tantas épocas... Ele descobriu o mundo e o redescobriu por muitas outras vezes... Abriu janelas para os que estavam surdos e cegos pela midiatização dos gostos, desgostos e supostas "qualidades" musicais... No calor de mais horas de integração com a guitarra, o suor escorre do seu rosto e tem gosto de sonho... Não é um sonho realizado, mas um sonho contínuo... O suor que escorre do seu rosto tem gosto de noites mal dormidas, de finais de semana intermináveis a trabalhar... O prazer do trabalho galgando-lhe prioridades... Às vezes, sucumbindo-lhe as forças, mas por outras muitas vezes sendo o motivo para tê-las... A pele é branca e a face tem trejeitos de sensibilidade, a mesma com que toca as cordas e eterniza os sons e suas combinações... Menino de nome forte... Do sonho uma ponte... Da ponte uma longa estrada... Na longa estrada apenas um querer maior... Guitarra em punho... Amores no peito, mas persistência nos dias... A farda negra e os olhos vermelhos de noites que se estendem até outros dias...Um peito que guardo um coração de aço que se abre para o mundo a cada música como nem todas as palavras do mundo seriam capaz de fazê-lo... Homem ou menino... Fascício de viver um sonho e continuar sonhando dentro dele...

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