quinta-feira, 28 de julho de 2011

Partes de Mim XI


O toque...

Apenas o seu...
como um fio de tempestade
algo que alimente a vontade
do que não tive, do que terei
dessa saudade do que não sei
por que surgiu? de que voltou?
por que me encontrou?
 e colocou agora, assim
dentro de mim algo em tristeza
pois que a incerteza de encontrar-te
devora os dias
todas as poesias
sonhos e madrugadas
tristes frases roubadas
preciso vê-lo, ouví-lo
não preciso entendê-lo
apenas sentí-lo
hoje à tarde o descanso tornou-se sufocante
por um instante sentí vontade de fugir
correr, partir...
ir ao encontro deste sonho
confuso grão de esperança
paixão efusiva que me torna criança
tenho em mim muitas perguntas
que só um abraço pode responder
que só a boca pode sanar
que só o olhar devendará
tenho em mim um mundo
intenso, profundo
que agora é todo seu
tenho em mim dias mais felizes
se te espero...
e mil cicatrizes quase esquecidas
porque quando estais aqui nada é maior...
em palavras desespero
o que não espero poder dizer-te
entre querer e ter-te, milhas e milhas..
um coração pulsante
um olhar sorridente
um sonho distante
que me faz sentir diferente
cada dia e palavra
e sentido de que falava...
os papéis e a fumaça...
prédios em sua janela...
sensação que nunca passa
debruçar-se nela para quem sabe
vê-lo além do prédio vizinho...
no escuro de nós dois
pois bem sei que agora sois
alguém que chamo de bem
que fez eu duvidar de mim
assim como duvidei do mundo
que entregou-me ao confuso
sentimento em que hoje me perco
e me encontro
me destruo e me remonto
querendo buscar estrelas
sentado-me para vê-las
em meio à praça, na janela do quarto de dormir...
e uma cadente irá de vir
e mesmo sem crer que ela possa
abrirei minha porta e farei o meu pedido
que eu possa tê-lo comigo
ainda que apenas para saber
que calor terá seu toque?
que paz trará seu abraço?
e quanto tempo ainda falta para vencermos este espaço...
que sufoca e faz sertão 
o mar do meu coração
que provoca e me devora, 
faz viver cada ilusão
como o suspiro que me escapa enquanto falas a mim
quando é vã cada palavra
e sinto borboletas a voar
perto do meu coração
como se quisessem provar...
que embora longe a estar
o que sinto não é ilusão
e o meu bem... será tão meu
que cada lágrima que se perdeu
será a prova do sentimento
que não precisa de prova
que só requer um momento
para olhar nos olhos
tocar a face
pegar na mão
abraçar
olhar novamente
e deixar que os lábios se encontrem
sem promessas ou palavras 
sem certezas...
sem curvas ou estradas...
apenas o sopro vital do hálito alheio
o calor do encontro
a saudade compreendida
e o silêncio
...
porque não serão necessárias as palavras
para explicar a sensação
da mão que segura a outra
e do aconchego do toque em que me aninho...
e que conforta então o caminho...
e mesmo se te tenho longe
ou nem sequer te tenho meu
sei que já te tenho em mim
assim como algo que não pode ser dividido
assim como a saudade que hoje me bateu
assim como a certeza de que tê-lo em mim...
já me faz assim... 
um inconsequente que precisa do teu toque
para sentir-se docemente
embalado pelo calor antes apenas imaginado...

Nenhum comentário:

Postar um comentário