sábado, 16 de julho de 2011

A Força do Silêncio VIII

 















A sombra...

Afinal de contas qual é o problema que mais tem tirado o nosso sono hoje em dia? Eu... Uma insone convícta, que rende páginas à noite e raras linhas durante o dia, mal sei porque patavinas este silêncio me apetece. Mas por algum motivo há um efeito esclarecedor que age sobre mim quando a noite chega. Aproxima-se mais uma das tantas meias noites insones em que me sento na frente do computador pra tentar mudar o mundo com minhas escritas ou brincando de deus no jogo de palavras que tanto me fascina. Estava aqui tentanto encontrar um minimalismo qualquer em que me ater, quando várias imagens e suas sombras me chamaram a atenção e eu, perdoem-me a ousadia, surtei com uma ideia mirabolante de costurar sombras e sociedade experimentando uma analogia qualquer que de qualquer pouco terá. Nós que produzimos tantas sombras, somos sombras... Concordas comigo? Ah! Se não concordas isso será ainda mais triste... Vivemos à sombra, caros amigos, da mídia, das necessidades criadas, das supostas situações reais, das pessoas que nos cercam, dos modismos, das marcas, cores, amores, palavras e expressões noveleiras, programas e problemas atuais, e mais um impropério de "ismos" e de "n" circunstâncias e redundâncias cartesianas que nos forçam a ser e a querer e a tentar entender um mundo que funciona no sopro de uma opinião formada midiaticamente pela massificação de valores... De termos repetidos amadoramente em qualquer esquina a jargões que fazem lavagem cerebral e que entram em nossas vidas e em nossas mentes pela repetição tantas vezes condenada pelas propostas modernas e críticas do que seria uma ideia de formação cidadã... É... Eu tinha me esquecido, cidadania só fica na moda em época de eleição, quando alguém precisa dela, enquanto discurso, pra convencer uma meia dúzia antes de comprar votos da outra meia dúzia ... Tudo isto para quê? Para que pareça sincero e real o interesse e o crédito depositado pelo cidadão-eleitor no sujeito que se pré-dispõe a representá-lo. Estamos carecas de saber, até literalmente em alguns casos, que a culpa não é do número reduzido de candidatos que se propõe ao discurso politiqueiro e a vender a sua alma, se necessário, em nome de uma eleição, representação partidária ou cargo que lhe proporcione relativa segurança financeira para o resto literal de seus dias... A culpa é do ser conformado que vende seu voto porque acha que ele não faz diferença. As tantas faltas de consciência de que um mais um é dois, e de que dois mais dois é sempre mais, fazem com que as pessoas se vendam fácil e barato... E sempre que os governos se renovam e os problemas se repentem, as pessoas que enchem a boca pra se dizer cidadãs sem nem parar pra entender o que isso realmente significa, são saudosistas... Elas vivem do passado governamental e  das supostas alegrias, vitórias e circunstâncias favoráveis de outrora... Todo sujeito que passou pela administração, depois de algum tempo, adquire na lembrança do suposto cidadão um valor positivo ... O homem se vai e deixa sua sombra, fruto da construção midiática de uma personagem de nome suficientemente forte para convencer a população de que politicagem é política, e de que é normal tanta bandalheira escorrendo pelos cantos mais escuros da sociedade e transbordando pelas instituições públicas. Eu me sinto uma sombra, um eterno produto de um acúmulo de combinações midiáticas e de circusntâncias cartesianas, milimetricamente planejadas para ditar tendências e transformá-las em tops de consumo. A criação das necessidades e o acalmar de ânimos que torna o povo tão pacífico a ponto de achar que todas as baixarias, jogadas e contravenções que constroem a politicagem, realmente podem ser consideradas a pura e simples política e que é tudo normal, me frustra. É tão fácil ir adiante e esquecer que a coisa toda está errada, já dizia o brilhantismo de Humberto Gessinger... Pois é... Como é possível simplesmente achar que as bandalheiras sempre estiveram ali e, por isso, já fazem parte da história e da postura política brasileira? Como é possível pensar que tudo isso é normal.. Estamos sendo sujeitos de nós mesmos, enxergando o mundo e fazendo qualquer coisa pra mudar o que não se desenrola como deveria? Ou estamos sendo sombras e nos comportando conforme o movimento dos "grandes" oligarcas de terno e gravata que sorriem o tempo todo. como se a sinceridade pudesse ser assim plástica e imutável, e sempre discursam uma defesa do povo que nunca praticam? Nasci exausta da minha incapacidade de calar e da minha necessidade de escrever, mas se não posso me livrar de nenhuma delas e ser feliz... Então vou abrir o verbo mesmo que eu apenas escreva pra não explodir de tanta indignação... Num mundo de sombras, manipulações e saudosismos quem são, então, os protagonistas? Quais são afinal os reais valores humanos? Se é que os podemos chamar assim... Se for pra ser sombra a vida inteira prefiro não ser nada... Se nem eu mesma puder tirar do meu pescoço a corda que me limita o ar, como poderei sobreviver estando ela ali? Cansada de brincar de ser os outros... Cansada de plantar verdades e mudar com elas... Quero as minhas verdades e indignações bem claras e estabelecidas e quero gritá-las em minhas palavras, grifá-las e destacá-las de forma garrafal... Ah... Radicalizar não está com nada... E viver para sempre morno, em cima do muro, à sombra das opiniões alheias, vale de quê? Pode comprar bons objetos e imóveis e automóveis, pode rechear uma gorda conta bancária, mas não compra felicidade, dignidade, realização... Ficar morno não compra identidade, ao contrário, prova a fraqueza do caráter humano de determinadas pessoas que de humanas, sinceramente, pouco têm... É hora de tomar o mundo nas mãos e transformá-lo... Não dá mais pra dizer que o Brasil é o país do futuro, porque isso é discurso de quem fica eternamente adiando a atitude a ser tomada... É hora de tomar seu mundo nas mãos... Não para descansar sobre ele, mas para trabalhar nele...

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