quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Existia um Amor. Duas pessoas existiam. E agora? #4

 
Fel

Hanna estava sentada em sua cama, porque o sono não chegava. E ela não sabia explicar porque milhares de coisas passavam por sua cabeça. Seu tempo havia acabado e ela já tinha se decidido: “Vou-me embora, eu preciso ser como quem devo ser”, e era justamente o que ela ia fazer. Partia no outro dia, para levar uns tapas na cara e voltar a viver como gente descente. Mas ela sentia que ainda tinha alguma coisa que a prendia ali, um sentimento, talvez.
Quando eram quase duas horas da madrugada, ela abriu a janela e viu quem queria ver. Olhou-o por uns segundos. Sabia que descer as escadas e abrir a porta podia mudar o seu futuro. E doía, doía pensar que ia decepcioná-lo.
_Caleb, são duas da manhã, o que você está fazendo aqui, pelo amor dos Deuses?
_Eu não conseguia dormir. Já não consigo dormir faz um tempo, Hanna. Então eu resolvi vir te ver. Tirar da sua cabeça essa ideia maluca de ir embora.
Que eles não conseguiam dormir era visível: manchas lilás contornavam seus olhos. Ambos já não brilhavam mais. Era inverno e chovia. Ela deu passagem para que o garoto entrasse na casa e apontou para o sofá. Foi até o banheiro e pegou uma das toalhas cor-de-rosa, a mais macia, e entregou para ele.
_Eu já tomei minha decisão, Caleb. Eu não posso ficar aqui, você sabe que não. Eu não sou bem vinda aqui. Eu sou perigosa, eu não sou boa, e você sabe disso, você já provou. É como todos dizem.
_Só você mesmo, garota, só você. Cogitar ir embora, voltar daqui dois anos para viver com uma pessoa que você nem conhece. O que você pensa? Faça-me o favor, aonde você quer chegar?
_Já vem você, não se cansa? Quem você pensa que é para tentar controlar minha vida? Eu já me decidi Caleb, nada do que você disser vai mudar isso.                       
 _Eu te amo, Hanna. – aquelas três palavras entraram no ouvido da garota como um tiro de canhão e perfuraram seus tímpanos. Tentou falar, mas sua garganta estava amarrada. – Por favor, não vá.
_Não faça isso comigo. – fitou o teto para que as lágrimas não caíssem e sujassem a sua alma. Por que tinha que ser tão difícil?
_Não faça isso você. Não precisa ir embora para ser feliz. – ele chegou mais perto, um golpe baixo na opinião de Hanna, e colocou uma mecha dos seus cabelos ruivos atrás da orelha. – Eu estou bem aqui, sempre estive e...
Deus, como Hanna amava o timbre suave daquela voz, como amava aqueles cabelos compridos sedosos, os olhos tão pretos que transbordavam a escuridão e as mãos tão macias que tocavam as suas.
_Você... – e não pode continuar. Cada batida do seu coração machucava o seu peito, cada lágrima que descia rasgava sua pele. Já se acostumara. – Nunca deu certo essa coisa de amor. Foram dois anos sem o por do sol, por que daria certo agora?
E Caleb a beijou, e aquele era seu último argumento. O beijo mais perfumado e doce, um pedido de socorro, um apelo para a salvação. Hanna se deixou levar pela simplicidade que era o amor, mas não conseguia encontrar a leveza, a dor era mais forte.
_Eu te amo, eu sinto muito.
Subiu as escadas e lá no alto sentiu a porta de entrada batendo tão forte quando sua dor. Ela já havia perdido todos os seus sorrisos e tinha roubado os da sua felicidade, por puro egoísmo e amargura.
Olhou pela mesma janela sua paz indo embora com a chuva e chorou. Os passos molhados ficaram na grama e seu sol nunca mais nasceu.
Duas da manhã, Hanna sonhava em prantos com o que jamais retornaria.
           

"Para o meu melhor amigo nerd e cor-de-rosa".
Siga: @anacmi
                                                                                          Leia mais: Antes que o tempo acabe

10 comentários:

  1. Mais um capítulo lindo.
    Eu amo a intensidade com que você escreve. Você é simplesmente ótima nisso.

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  2. Lindo, Ana! Lindo!!!! Que texto maravilhoso *-* muito obrigado, mesmo!!!

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  3. Liindo amg ! *-* Adorei a dedicatória pro Neo KKKK' ( JordanaF.)

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  4. Darla escolheu bem seus colaboradores...
    Você escreve muito bem, Ana... Muito bem mesmo. Tenho adorado seus posts. (Rosa Maria Mendes)

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  5. Linda, Ana Clara... Desnecessário dizer da densidade dos sentimentos, da escrita... Mas, necessário e importante dizer do quanto me sinto orgulhosa daquilo que tens feito por aqui...

    Há uma estrada esperando por todos e por pessoas que construam os seus caminhos ao trilhá-la... Seja uma dessas pessoas... Você tem todas as armas para vencer esta batalha, minha cara...

    Parabéns... Como sempre... Uma ótima pedida...

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  6. Criiiii, muito lindoooo, continue assiiim! Óooooia que orgulho!

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  7. Puuulguinha linda, nem sabia que escrevia bem assim!
    Parabéeeeeeeeeeeeeeeeeeeens viu?
    Iully J.

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  8. AEEEEEEEEEEEEEEE ANINHAAAAAAAAAAAAAAAA! Tá ficando famoooosa! OBA!
    PArabéeeens
    Fael

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  9. Fiquei admirada com o seu trabalho, tanto aqui, quanto no seu blog pessoal. Sinceramente, não sei como consegue dar contar de tanto "trabalho". Parabéns.

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