terça-feira, 15 de novembro de 2011

Partes de Mim XXXVI

 

Coração não é tão simples...

Nem tão complicado...
Cabe em gotas de desagrado...
Cabe em chuvas finas de feriado...
Cabe em viagens em que eu fujo...
Em silêncios nos quais discurso...
Cabe um amor em desesperança...
Confiança em vinganças
que nunca sairão do papel...
Cabe em poesia de cordel...
Coração é porta aberta de avião
que silencioso foi-se embora...
Coração é dígito incompleto
em senha de banco...
É um porto solidão...
Relógio que adianta as horas...
Texto em poema indiscreto...
Um grito de triste desmando...
É um bando 
de veias pulsando vida
é a saudade comprimida
pelas leituras pouco eficazes
ter tantas palavras audazes...
Mas, nunca ter a quem dirigí-las...
Assenta-se diante da tela...
Renega-se diante do  mundo...
Desconcentra-me todos os instantes...
Vai mal em provas...
alimenta-se mal...
Vive por viver...
Respirar sem merecer...
Acorda sem ter dormido...
Tem pesadelos e acorda entristecido...
Coração calou cedo...
Muito antes da alma sentir medo...
Muito antes de ela tentar...
Muito antes de ausentar-se da vida...
Muito antes de estar comprimida...
Entre farrapos de uma saudade que não cessa...
Um minuto de qualquer relógio ofereça...
pela paz de um coração que te quer vivo...
Farrapos, destratos, descasos...
Viagens só de ida..
Alma repartida...
Quem vive pela metade?
Tem piedade das frases incompletas
Das palavras mortas nesta poesia...
Dá-me um instante de alegria...
Uma visão distante de qualquer paraíso...
Um indeciso pedaço do teu olhar...
Gelado e quente...
Tão distante e tão ausente...
Que na entrelinha de fios azuis...
Eu tentei viagens que não teriam volta...
Se é que posso pedir...
Abre a porta...
Que tudo o que mais me importa
está do lado de dentro...
Que eu não aguento...
Que eu não suorto...
Que eu nem me importo...
Aqui fora faz frio...
Aqui fora tudo é mais vazio...
O corpo arrepiado clama
a mente cansada inflama...
um pensamento que te é dedicado...
Meu corpo cansado...
Precisa de abrigo...
Um amigo a quem abraçar...
Deixa-me passar pela porta...
Que o coração se importa...
Que não é fácil fazê-lo esquecer...
Que ele insiste em te escrever...



"Meu amor, essa é a última oração... Pra salvar seu coração..."
(A Banda Mais Bonita da Cidade)


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