De Pó e de Poesia XVII

 

Lágrimas...

Amor que é amor escorre pelos olhos sem medo e sem vergonha...

Amor que é amor não cobra, presenteia com confiança...

Amor que é amor abraça em toque de acolher...

Não escolhe caminhos...

Fáceis ou difíceis, o amor os trilha...

Amor que é amor não precisa durar uma vida inteira...

Amor pode não passar de uma troca de olhares...

Pode nem sequer passar de apenas um olhar platônico...

Amor que é amor não precisar provar que é sentido...

Não precisa nem sequer ser percebido...

Acolhe e respeita, mas também pode ser egoísta...

Amor que é amor não se aprende na escola...

Nem tão pouco na vida...

Porque amor não se aprende se sente...

Ele não tem toque de recolher e nem receita...

Quando você pensa que o encontrou, o desencontro prova que nem existiu...

Amor que é amor nem sempre é feito de cumplicidade...

Pode se parecer ao egoísmo...

Pode não se parecer com coisa alguma...

Pode nem aparecer mesmo que dure...

Esse gostar pode ser desejo ou pode ser tudo...

Ou nada...

Apenas uma efervescência de corpos...

Uma combinação de químicas e reações...

Cálculos que nunca são exatos...

Amor que é amor pode ser figura de linguagem

mas não pode ser configurado em palavras...

Sexo pode ser amor...

Pode não só de amor viver o sexo...

Pode não só de sexo viver o amor...

Podem os dois sobreviver sem uma relação...

Podem os dois tornar-se complementos... 

Mas, amor que é amor pode não sobreviver a uma tempestade...

Mesmo que seja em um copo d'água...

Mesmo que nem seja de verdade uma tempestade...

Escorre pelos olhos o amor...

extravasa apertos no peito...

Borboletas no estômago...

Não percebido...

Pode nunca gerar o primeiro toque... Olhar, palavra e sentimento...

Amor que é amor pode ter a felicidade de ser descrito com uma palavra...

e a infelicidade de não poder ser explicado com um infinito delas...