quarta-feira, 1 de junho de 2011

Prosas que o Mundo dá XIX

 


















Um banho...

Um banho... Com a água quente que escorre ou o pensamento que se aquece e a mente que viaja... Ou simplesmente o barulho das gotas d'água que resbalam no corpo e caem ao chão... Um banho para lavar o corpo e alentar a alma e para além das paredes do banheiro ouvir... A TV ligada... Motorserras em constante e irritante ruído... Crianças que jogam futebol e gritam do outro lado da rua... Um banho para cantar no chuveiro ou nem se aperceber de que o dito chuveiro ali está... Um banho para reconstituir todos os passos do dia... Para aquecer o fim de tarde e limpar de fluidos ruins o início da noite... Um banho para perder a noção de tempo que não mais deve ser perdida nesse gesto, porque enquanto a noção de tempo se perde os litros d'água se vão... Desperdício e conscientização em um banho... Perfumes.. Silêncio... Uma parede nem sempre branca... A esta hora... Ele pode não passar de uma trivialidade imperceptível do cotidiano humano... Mas, um banho, pode ser também parte do ritual que cada homem desenvolve para enfrentar o ambiente social que mais o atrai... Um banho pode ser a preparação de um homem cansado, ao fim do dia para o sono tranquilo que deseja ter... Pode ser apenas a água que escorre, os ruídos para além das paredes, o asseio... Mas, pode ser também, uma forma de romper situações de stress e acalmar-se ou tentar fazê-lo... Pode ser a tênue fuga do pai que chega cansado e não consegue suportar a voz dos filhos que falam ao mesmo tempo a sua frente sem se aperceber do seu cansaço... Pode ser a tentativa de reverter a embriaguez que perturba os olhos e nubla a mente, titubeando passos... Em par, um banho pode ser uma tênue carícia, um presente... Um afago... No frio ele é um meio de aquecer, confortar... No calor, uma forma de aliviar a fadiga... Um banho... Gesto simples e trivial que passa pelos dias humanos... Que pode ter tantos significados... Ou não ter nenhum... Um banho para terminar meu dia, entre o calor da água e o frio do tempo atmosférico e para torná-lo mais leve... Ou talvez... Para viajar minha mente... E suavizar minhas impressões a respeito do mundo que em efusão de ruídos desenrola-se aos meus ouvidos para além da estrada...

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