sábado, 30 de julho de 2011

Partes de Mim XII


Cavaleiro negro...

Pede-me a mão para quê?
Quando a minha alma inteira...
verdadeira é para você
porque não há mais respiro que me liberte
do suspiro que me impede de pensar racionalmente
de não imaginar que a gente
possa existir não apenas como eu e você
mas como nós, na junção de espíritos divididos...
reprimidos beijos, meu bem...
são segredos que apenas a distância
coloca em inconstância
eu sei o destino, conheço o caminho...
meus maiores segredos, são medos
que foram alimentados por mim
ou assim que não me dei conta
por todos que deles se aproveitaram...
comparo, mas não há comparação
imagino, mas não há imaginação
que faça com que eu me aperceba
da beleza de que falas
e as palavras
ah... as palavras
poderiam vestir-me do seu mundo
e atirar-me ao fundo de mim mesmo
ao fim de um instante vazio
no esquivar de um olhar arredio...
então... segredos guardados...
são retratos passados...
que o querer que me dedicas
impede de serem revividos...
perdidos estarão então...
quiçá para todo o sempre...
mesmo que sempre seja enquanto durar
porque enquanto durar
será o suficiente para adorar
o meu eu que mais feliz é por você
por seu querer
palavras... tantas palavras...
e o reencontro do qual falavas
não me parece mais tão absurdo...
eu fico mudo...
porque parece que palavras não poderão...
traduzir esta ilusão...
se te ajoelhares então
poderei bem te odiar
porque não sou dígno de tal paixão
mas preciso estar
no espaço em que ela seja tangente
no toque, na pele, no calor que só a gente
poderá entender quando chegar...
se é que ainda não chegou e aportou
dentro de mim 
roçando minha pele assim
como quem embala o meu sonho 
e se ainda me oponho a dizer-te
do todo que me alimenta
é porque eu ainda não o conheço todo...
a extensão do sentimento
é apenas a sede de você...
 e o paraíso?
indeciso apenas posso pensar...
que o paraíso, meu bem
não é um lugar
é uma sensação
e que a paixão que me despertas
já me leva a ele
mesmo que dele eu nem tenha consciência...
a eternidade é uma promessa
avessa a qualquer observação...
do paraíso de sensações
de onde te observo
as emoções corroem
elas aquecem...
derretem enquanto acolher...
são paraísos particulares
que deslizam pela pele
agridem os meus lábrios...
envolvem meus cabelos entre seus dedos...
expulsam meus medos...
com sussurros que eu não compreendo
e mesmo nao entendendo
eu sinto...
que nas cortinas de uma janela...
cujo caminho é desconhecido
um cavaleiro negro...
declama amores medievais...
e eu me nego a acreditar...
que ele busque nos perfumes...
e nos olhos congelados da fotografia...
A presença desse triste mortal...
de tristes olhares...
que apenas ama o instante
em que o espaço não mais existirá...
e que teme em confessar o querer...
mesmo querendo devorar
a sensação que queima a pele
faz a respiração pesar...
e deixa sentir cada palavra
como um toque...
a eternidade é olhar sobre o mundo...
pode não durar uma vida... não durar um segundo
mas marca como tatuagem...
e faz a viagem da vida...
aflorar na pele de uma moça
cujo cavaleiro negro...
tão longe está...
mas tão bem lhe faz...
traz da porta um brilho de lua e crê que a chuva
lavando-lhe a alma...
lava também a saudade do que ainda não tem...
a boca se cala...
o soar dos passos denuncia a chegada...
a estrada já não parece mais tão longa...
há um alívio na espera...
uma lágrima no olhar...
e o pressentimento de que ele já está ali
porque aqui, dentro em mim, sei que já está...

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