quarta-feira, 27 de julho de 2011

A Força do Silêncio X


Eduardo

Olhei para cada rosto
e como se fosse a última vez
senti o amargo gosto
de um impossível talvez...
meus bens maiores,
meus amados bens,
meus momentos melhores...
mas, futuro... Eu sei que vens...
com outros tantos sorrisos
palavras, gestos indecisos,
de tantas formas de um saber,
de tantas formas de querer,
dos ossos que saltam de Eduardo...
da palidez do menino
do madrugar, trabalho árduo
do momento em que o ensino
e perco meu tino
se penso por um vão momento
Onde está a mãe?
o amor, a proteção?
por que tanto lhe falta o pão?
por que tanto lhe falta no momento?
sobra em sonolência o lamento
por que tão pouca ilusão?
os olhos fecham sem querer
vontade de adormecer
na sala de aula,
no ônibus lotado...
ele pouco fala
sorriso dissimulado
o menino pouco escreve
o menino pouco lê
sabe que a vida lhe deve
mas ele nem sabe o quê
quatro irmãos, muitos destinos
mãos calejadas de lenhador
igual a ele tantos meninos
partilham da mesma dor
enquanto escrevo os caroos passam
mensageiros do que não se vê
muitos em vão se calam
poucos tentam resolver
nessa mesma tarde ensolarada
estará Eduardo na mesma escola
com sua aparência cansada
e ele não quer esmola
quer apenas que enxerguem nele
o homem por trás da nota
que traz sempre à flor da pele
o que a aparência denota...

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