sábado, 20 de agosto de 2011

De Pó e de Poesia XXVII


Rosa negra...

Ah... Rosa negra 
e agora que me puseste em fascinação
sei que todos os espinhos serão poucos
sei que todos os meus dias mais loucos 
serão assim por te esperar
e te querer e te buscar
e por entender que precisas te armar
para que a alma esteja a salvo
para que a calma seja seu alvo
para que o amor seja real
pra que não haja um mortal
capaz de duvidar que qualquer peso,se ele existir
é parte do encantamento que te quer por vir
ah.. rosa negra e rara
beleza em pouca palavra
amor que meu medo levara
o que pesa é a ausência
mais vale então saber que de espera
também se faz a diligência
que leva a uma quimera
quem dera o sono tardio
quem dera a tarde do encontro
e o que eram cinco dezenas
transformaram-se em reles e pequenas
duas... 
duas combinações nuas de espera...
acelere sim, anjo negro
acelere cada passo
para que o abraço que te espera 
não se alimente de espaço
ganha a avenida e toma o avião
que eu aqui sou pista de pouso
o colo que te tornará mais leve
tenho comigo
a força que te servirá de abrigo
as vezes tenho em mim a frieza
as vezes a natureza
me traveste de acidez
muitas vezes retruco em talvez
para não açoitar ouvidos com minhas certezas...
Queira algo mais, rosa negra...
não espere que a chuva caia
e nem que eu não me importe
não espere que eu suporte te ver assim
não queira em mim a despreocupação...
não queira que eu não o possa querer...
queira-me para cuidar-te
aí , sim serei melhor...
por fazer a rosa florescer
negra e rara
por fazer a rosa entender
que não mudara
há pouco, só sua estrada
que também pulsara diferente meu caminho
já segui sozinho
hoje sou uma imagem
e uma canção
em que me aninho
em que me perco
em que me encontro
em que me desmonto
pelo perfume da rosa negra que desconheço
saudade
pelo sabor da rosa negra que não provei
desejo
pelo vapor dos fins de tarde que admira
vontade
de bater à porta
de atravessar a ponte
de ganhar esse espaço como um presente
de ter-te novamente
a cada curto segundo
dizendo de ti
encantando a mim
e dizendo-me encantadora...
ah... rosa negra
negra alma sonhadora
porque a sombra não é sombria
porque toda noite é uma poesia
que te lembra e não pesa
que te escreve como quem reza
preces de impossíveis pedidos
mais descabidos que os desejos
vejo-te, oh rosa, em ensejos
de solidão e tristeza...
aquiete o coração...
Não importa a velocidade
tenho certeza que cada saudade
será parte de uma espera
cujo significado maior
eu aprenderei se ainda não o sei
aprenderemos juntos
caminharemos juntos
se lágrimas vierem choraremos juntos
se precisar de sorrisos
também o faremos por dois
a dois
ou em pares
em qualquer dos lugares em que estivermos
em qualquer espinhos
que os caminhos
apresentarem
estaremos
pensaremos
viveremos
por dois 
o que era apenas um
um homem comum
um comum lugar
um comum olhar
que de comum nada tinha
uma rosa negra...
e ela caminha...
e o seu destino sou eu...
que um dia o acelerado e o calmo
tomarão um único rítmo
que esse rítmo existirá
em par
como os provérbios a divagar
...
aquele em que o abraço
não fará perguntas
em que espaço abrirá crateras
em um coração remoendo esperas
que um dia deitará ao seu lado
para ouvir o silenciar dos passos
e saberá que os abraços
não são mais feitos de imaginar
e sim de cama de adormecer
e de braços de acarinhar
e de quartos de dormir
e de ninhos de amar
e de momentos em que viver
será para cultivar
a rara rosa negra
a negra rosa rara
a face transfigurada do amor perdido
do retrato rasgado
e do meu eu reencontrado...

Nenhum comentário:

Postar um comentário