segunda-feira, 29 de agosto de 2011

De Pó e de Poesia XXXIII


Quando não era amor...

Quando não era amor
 a cor não importava
o sentido me cansava
a roupa certa ou a errada
não faziam qualquer diferença
Antes de ser amor
não havia rancor 
quando palavras me feriam
antes de ser amor
os lábios só comprimiam 
os próprios lábios ressecados pelo vento
antes de ser amor tanto fazia se era tarde
antes de ser amor tanto fazia
mas hoje um fogo me arde
me faz esquecer esse dia
esse dia de antes
agora eu me perco em doravantes
antes de ser amor
eu não sabia mais nada
antes de ser amor
eu não escolhia
tudo parecia normal
o calor não se fazia vapor
a poesia não vinha todo dia
antes de ser amor
enquanto não era amor
e agora que te fiz amor
aprendi a atender telefonemas
a rir de suas piadas
aprendi a esquecer os problemas
aprendi a encontrar as palavras
que podem ser minhas e podem ser de alguém
embora ninguém saiba quem é
embora nem eu saiba quem sou
antes de ser amor
o amor que se dissipou
em terras passadas
fazia folhas molhadas
em paisagem triste
sem a lágrima no passado nada existe
antes de ser amor eu era...
um pedaço de quem dera
uma gota de quimera
um navegante
um navegador
antes do amor se fazer
triste era o anoitecer
cansativo o amanhecer
insuportável o próprio amor
uma paisagem, uma paixão
um mundo em profusão
antes do amor 
eu não sabia cantar
não sabia escrever
não sabia sonhar
antes de ser amor
eu me escondi dentro de mim
eu fechei os olhos e cega assim
eu não te via e não me olhava
eu me anulava...
Antes de você chegar
eu desejei fugir por muitas vezes
antes de você chegar
minha alma tinha reveses
meus medos se faziam poesia
minhas palavras em indelével harmonia
eram apenas sussurros velados
a casa não tinha alegria
não havia em todo o dia
as palavras derramadas em poesia... Antes de você chegar
os olhos pesavam de sono
mas não tinham dono
antes de cada sonho
transformar-se em espera
eu tinha trovões a esperar
eu tinha estrelas de iluminar
eu tinha estradas de percorrer
mas eu não sabia falar
não sabia cantar
não sabia escrever
eu não queria entender
não parava pra observar
a poesia era um grito de horror
antes de você chegar eu não sei quem era...
lembrar do que foi antes de ser amor
quem dera eu pudesse supôr
que sei do que falo
eu não lembro de quando não era amor
eu não sei pensar em algo com você
antes de te amar...
Eu não quero que penses
que a palavra amor
é pra quem quer que for um peso
amo o que somos ainda que separados
amo o que seremos quando juntos
amo os muros
as paredes e as construções
e as ilusões que você faz real
como quando torna fácil tudo o que parece
um muro que a vida se esquece
uma vida tão normal
um objeto que se fez de sonhar
uma alma que quer te alcançar
antes de ser amor eu não podia te imaginar...
e agora que amor eu não consigo entender
por que durmo pra te encontrar
e sonhos por te querer...

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