quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Partes de Mim XV

 

Eu juro...

Se a tarde fria em que mergulhas em páginas for solidão
a mão que estendes me guiará...
Se agradeceres por tudo que te faço por paixão
a ilusão será a porta de entrada para conhecer-te
descrever-te em quaisquer palavras
coisas antigas das quais falavas...
mostravas os poemas esquecidos
desprotegidos e relembravas
como quem apenas adormecia, mas ainda sonhava...
se me gritas que o caos não faz mal a ninguém
ah meu bem, mas ausência sei que faz
desfaz meu mundo e torna opaco o olhar
deixe-me notar um dia mais o seu sorriso
preciso universo de se perder...
querer mais do que o universo
é o inverso da proporção
do coração em esquecimento que não te esquece
do sentimento saudoso que não esmorece
Tímido então eu o deveria crer?
deixe saber ao mundo que a rubra aparência
da face em turbulência é única
mas púnica guerra a mais bela das aparições
canções em apaziguar do teu rosto
gosto de sangue e suor
pior, muito pior
do que quando não consigo calar
o que não é preciso falar
o que só é preciso sentir
Nos corpos que se juntam
acumulam-se os sonhos e inércias que ele grita
em frase bonita na rede social
visceral, bravo, breve, profundo...
mundo fora do comum que me conquista
pede pistas do caminho...
Eu juro tomar cuidado
mas eu sei sou anjo quebrado
que despencou da prateleira
juntaram-se muitos cacos
culparam a arrumadeira
deixaram outros de lado
lançaram-no de novo à madeira
a solda era tão tão frágil
que o anjo de vidro se quebrou
tentaram ver através dele
mas nele nada mais nada havia
compuseram dele tantas poesias
na casa em que alegrias
já não existiam mais
na casa que um dia fora de seus pais
o anjo de vidro que era sombrio
aparecido na figura decorativa
uma figura e uma tentativa
o anjo que era frio e que era atemporal
vivendo em um vazio
ópio, óbvio e trivial
o anjo que era vidro para humano não ser animal
o humano que um dia fora bossal
Juro que não quero mais
a prisão das paredes nas quais
jamais terei a tua voz por prazer
ou presente de enternecer
na casa em que a porta é silenciosa
rangidos se ouvem com tanta freqüência
é a minha urgência
de fugir do vento
levar meu pensamento
para um lugar onde eu não possa me quebrar
e os pedaços se regenerarão
parece letra de antiga canção
mas é apenas uma percepção
pequena e sentimental
uma serena sentimentalidade em visceral
profusão de saudades e sentidos
comprimidos em frio
o medo e o mundo em triste covil
sangra a alma rarefeita
eleita a tua paz para me acalmar
eleita a tua voz para me sussurrar
o quanto te quero
e o quanto te espero...
noite e dia 
frio e calor
qualquer poesia
paixão se te ouço
dizer "Tchau amor".

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