quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Partes de Mim XIX


Minha vida...

Minha vida não sou mais eu
se eu não puder ser você
se eu não puder ter você
se eu não puder crer que quem te chama
engana os meus olhos mas não te tem
e que ninguém tem esse espaço em que te tenho meu
e se venho ao lado teu ainda que longe
sei que o meu desejo esconde a vontade de te dizer
das coisas, lugares, mundos
dos sentimentos mais profundos
dos horários mais clichês
do meu medo dos seus porquês
se um dia eles existirem
medo de ter que ter coragem
de te dizer que ainda 
um pedaço da tua vinda
não presenteou minha volta com um sorriso...
eu te preciso
nas cordas do violão
nos acordes de uma canção
na rima mal feita de um poema qualquer
no espaço de um segundo em que vier
a me dizer que encanto
quando tudo o que me encanta
é o pranto dos que te esperam
e ainda te tenho...
não sei se venho a dizer tolices
mas se resisto a dizer que te amo
ei de encher cada espaço disso
com tudo o que me invade
com tudo o que escorre
com tudo que quero prender entre meus dedos
nas flores escuras
nas noites impuras
das cores, nenhuma
me visto de estar
de negro de branco
de sonho e de espera
me visto de desejar quimeras
me faço de tempestade
devasto tua cidade
te levo pra qualquer lugar
pra um infinito particular qualquer
para uma qualquer sala de estar
em que eu possa estar
desejando os dedos na pele
e que o momento congele
quando se der o primeiro olhar
e que pare de vez quando o lábio tocar
outro lábio e o sangue correr
quente a meu parecer
nas veias que há tanto não costumam
aquecer-se assim, meu bem
que te quero bem
porque só assim consigo te querer
porque só assim é possível tê-lo em mim
como meu bem que em fuga
esconde o sentimento maior
como amor que se muda
pra não matar a mais bela flor
como beija-flor solitário
tentando salvar o mundo
como mil estrelas de papel
traçados e cores no céu
de cinza e acinzentado
vestido pra ser lamentado... 
Ah meu bem
Se minha vida soubesse que eu te pressinto
em cada voz e vez e sorriso seu
Se os dias não se arrastassem tanto
eu teria além do encanto
o teu toque
a tua face
e um mundo que me parece meu
muito antes de ser tangível...
Sou alguém que te reencontra todos os dias
no que você é e não no que diz
sou alguém que te espera
e a quimera dura noites e dias
e te transformo em poesias
por desconcertar minhas janelas
com as tuas possibilidades de chegada
seja então o aedo
suba na mesa
recite um poema
tire o meu medo
pegue esse avião
expulse essa sensação
de saudade do que eu nunca vivi
te quero assim
como uma tempestade quer a calmaria
como a noite pede o dia
como a letra pede melodia
como poetas pedem sentimento
como a vida expulsa o lamento
como amigos pedem aconchego
como o tudo que não nego...
Te quero simples e leve
como uma tarde nublada
como uma lágrima perdida
como uma palavra encontrada
como a cicatriz cura ferida...
No abraço que te darei
e no calor que será nosso
como um presente
ou um destino
ou como o meu desejo maior e mais secreto
Te tenho ciúmes
te tenho amor
te tenho saudade
te tenho como parte de mim
te tenho assim com quase tudo
o que faz fazer sentido o meu mundo...




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