terça-feira, 2 de agosto de 2011

Partes de Mim XIV


Presente...

Dê-me você de presente
Juro que eu me comporto
Juro que eu não me importo
se nem sempre estiver presente
se estiver ausente, então sei que sentirei
mas entenderei
que da ausência a saudade será um rastro
e os astros iluminarão o retorno de seus passos
no espaço de um sorriso entrecortado
pelas asas de um avião
por um respiro de ilusão
que circunda o sonho da menina...
ela dormia e sonhava
e dela exalava uma luz azul
verde e multicolorida
como o pulsar de um coração
como a essência de uma vida
como uma flor murcha que um dia foi viçosa
sorriso, vermelha a rosa
a face rubra do tímido ser distante
amante do mistério
espero que lembrando esteja
que veja em mim
mesmo assim a tantas léguas
um espaço pequeno
para um sereno querer...
que se angustia e sorri sem motivo
se vivo para escrever...
escrevo para viver
o que não me atrevo a confessar
a quem não pode compreender
que coincidências são laços
traçados por tantos espaços...
que não há tangência que explique a sensação
ausência que transtorne o coração...
tanto quanto a sua saudade pode transformar meu dia
e deixar a  alegria sobreposta aos olhos tristes
e se insistes em dizer que a cobiça não me pertence
omissa a sua alma não percebe
que é minha a paixão
tanto quanto sua a emoção que embarga a voz
se a sós ainda não estamos dá-me
a palavra, o suspiro, a voz, o instante
dá-me o precioso diamante da sua lembrança
ou a esperança de que ainda lembres de mim
assim como eu lembro em todos os momentos
em que pensamentos
confundem-se
e fundem-se em ideias malucas
de sair daqui
de fugir de mim
mas não fugir de você
de correr para ter
sem nem tentar explicar porquê...
...
Amigos são linhas distantes...
escritas em errantes entrelinhas... 
Portos seguros de insegura procedência...
Obscuras origens, evidente inteligência...
Há presenças que são mais que amizades...
e aquelas que apenas invadem espaços
e não deixam abraços ao interlocutor...
Amigos são produtos cultiváveis...
amáveis se assim o somos
detestáveis se decompomos nossas simpatias
e despejamos nossas agonias por todas as partes...
Já pude ver como amigo...
quem hoje comigo já não mais o é...
e isso me faz questionar...
perguntar...
imaginar...
cadê o amigo que comigo cantava?
cadê o amigo que sorrisos me dedicava?
o amigo que eu imaginei e não existia?
o amigo que só foi amigo quando melhor se valia?
....
O presente que me apraz, meu bem é seu sorriso
mas indeciso pergunto...
cadê o sorriso, a voz....
o respirar profundo...
Onde estará o bem que tão bem eu quero
e ainda quero querer bem mais do que agora?
Uma parte de mim está em você...
sinto falta dela...
Aberta está a janela...
Você pode entrar...
Não é preciso convite..
apenas imite meus sonhos
com a voz que calará meu mundo
com o respirar profundo em que deitarei meus sonhos
risonhos sentidos monocromáticos...
ele vem de negro e traz no peito
tatuada a sua história...
ele é mais que uma imaginação
é a sensação de calor e conforto
que faz meu coração
pulsar sereno
em ameno rítmo de descanso
em manso repousar de quem espera
e esmera-se na necessidade de fazer melhor...
Ah, meu bem se soubesse o bem que faz lembrar que você existe
e em algum lugar do meu mundo persiste a lembrança de cada palavra sua...
Saberia que cada segundo é um profundo vazio quando não estais...
e nada mais parece ter a monocromia de antes...
alegrias, tristezas, doravantes são apenas verbetes infelizes
porque as palavras só são amáveis sensações
quando o doce insinuar da sua respiração faz forma definida
o que eu apenas, por toda a vida até então, entendia por ilusões...

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