sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Prosas que o Mundo dá XXX


Um Sopro, Um Sonho, Um Laço de Fita

As meninas de outros tempos, teciam os nós de seus mundos em laços de fita... Elas brincavam de ser crianças, mesmo em véspera de se tornarem mulheres... As meninas de outrora calavam mais, ouviam mais, consentiam mais... Nos nós dos laços, nos laços do mundo, nas cores da vida... , teciam, amarravam, remendavam o seu universo... UNI-VERSO... Uma única linha pelas meninas de outrora, remendos e destroços das meninas de hoje... Ou vice-e-versa... As meninas contemporâneas amarradas em tantos outros nós, sonhando com outros laços DE VIDA... Ontém elas brincavam de bonecas, ainda que escondido, até a adolescência... Hoje, as meninas brincam de ser mães, brincam de ser esposas... Cresce precocemente, em corpo de mulher, a mesma alma de menina... Alimentos transgênicos, almas desordenadas, bases familiares frágeis... As meninas tem esmaltes coloridos, franjas, livros e modismos. Alguns elas fingem ler, outros elas discutem em redes sociais... As meninas de hoje, como as de outrora, sentem-se confusas, perdidas, tristes, solitárias, apaixonadas... Em um mundo em que o meio é o conceito que remete a ID-entidade e aceita-AÇÃO, as meninas deixam-se levar. Elas pegam a onda: usam a cor e a estampa... Nos pés os tênis da revolução de outrora, às vezes calças jeans surradas... Às vezes elas combinam cores a sapatilhas, no melhor estilo Penélope de ser... Mas, elas já não fazem revoluções, já não são penélopes... Erguem o seu mundo em idolatrias disfarçadas, vivem acelerando, falando sem pensar... Algumas meninas de hoje pensam não ser assim... Pensam ser melhores, porque isso é humano... Outras ainda se atém aos laços de fita... Mas os laços não são os mesmos depois de desfeitos... Pobres meninas, nem sempre ricas de qualquer coisa... Pobres meninas... Sem saber o mundo, sem saber a estrada, sem saber a dor, sem saber o caminho... Que falam, respondem, retrucam em palavras infelizes, por não ter argumento... Elas são tão crianças, tão adolescentes, tão confusas, quanto qualquer ser que se diz adulto... Suas lágrimas sempre parecem doer a pior das dores, sentir o maior amor, respirar o ar mais essencial. E naquele momento, tudo é fruto e consequência do seu sentir. As dores, os amores, as paisagens e os ares passam... Naquele momento o mundo acaba, mas com que esperança, quimera, urgência, os sonhos tornam... As meninas de hoje não tem o mesmo olhar das meninas de outrora... Há sempre uma sombra no olhar da menina, uma necessidade do pedido da criança, um UNI-VERSO no sentimento da mulher... A oposição dos pólos nem sempre torna impossível a estrada... Eles se cruzam e se amarram na beleza estética de um laço de fita... Eles dormem, acordam, vivem, sonham... Até que um dedo distraído aprisiona um dos pólos, desata a ponta do seu destino, desfaz o laço, torna a tragetória retilínea... Acabaram-se as curvas, os brilhos, belezas, as pontas dispersas e as muitas certezas... Ou um laço tornava-se nó e amarrava as duas pontas, ou ele se desmanchava fazendo uma estrada reta... E dói o coração ver as minhas meninas, que são minhas, sem nunca o terem sido... Entristece ver a estrada que ensaiam seguir. Cada ser é um e a gente apenas assiste o alheio como um ensaio teatral. A platéia não pode interagir aqui... Seus braços, bocas, olhos... Amarrados, amordaçados, vendados... No palco da vida, cada menina é uma, cada tempo é um, cada ser é um... Ninguém é capaz de aplacar dores alheias, se tentar enxergá-las como suas... A essas meninas, deixo apenas um sopro de esperança, um sonho de criança e a doce poesia de um laço de fita...

Nas almas, nos olhares e nos cabelos que emolduram faces...
Um sopro, um sonho, um laço de fita...

2 comentários:

  1. E a gente carrega essa menina dentro da gente...

    Parabéns pelo texto, maninha!!!

    Jaquelini...

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  2. "E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
    E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
    Então o amor e a amizade são isso... Não prendem,
    não escravizam, não apertam, não sufocam.
    Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!"

    Ninguém sabe ao certo se o escrito de que tirei esse trecho saiu da mente de Maria Beatriz Marinho dos Anjos ou se da de Mário Quintana, mas seu texto falando em laços, lembrou-me dele.

    Como sempre boníssimas palavras,senhorita...

    Prof. José Antônio

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