segunda-feira, 20 de junho de 2011

Partes de Mim II


Ela...

...Disse a que veio quando rompeu o globo azul da esperança do olhar da menina... Ousou transpor o vasto florescer dos cílios negros que emolduravam tanta verdade e tocar a face quase intocável da inocência que agora se perdia... Transfigurou a face macia que o vento acalentava e umedeceu os lábios rosados com tamanha ousadia a que ninguém jamais se atrevera... Fez das almofadas, um pouso tranquilo para aninhar suas sedentas fadigas, suas violentas tristezas, suas crises e andares e olhares... Tudo tem seu tempo, e do tempo que não teve fez a história; e a escreveu com o sal que maculou o rosto da quase mulher, antes menina... Os amores, as esperanças e as frustrações foram parte da mistura turbulenta que a gerou e a fez ousar sair ao mundo por aqueles olhos profundos em que um dia tentei me ver, cujos sonhos um dia tentei realizar... A linha deixada por ela cedo ou tarde secará e poucos serão os vestígios de que ela ali esteve... A mesma boca que a acolhe sem o perceber, sorrirá muitos sorrisos, alguns tolos, outros verdadeiros, outros ainda, apenas sorrisos... E a lágrima? Ela não mais existirá, mas terá deixado dentro daquele mesmo coração, marcado naquele mesmo olhar, estampado naquela mesma face... Uma mágoa... Palavras dissimularão seus fantasmas bem vestidos e de bela aparência... Se disserem dos dias em que chorou, ela fingirá nem sequer lembrar... As fotografias em que sorridente pousou ao lado do sonho tornado pesadelo darão conta da paixão, do sentimento e da omissão do homem ali presente... As feições da menina em frente à imagem de seus sonhos parecer-se hão aos dias em que, criança, ela acordara de madrugada e correra à cama dos pais fugindo de algum fantasma imaginário ou chorando de medo da morte... Dormirá ela ainda, muitos dias, no meio da cama de dormir, para que os fantasmas não saiam debaixo dela para puxar seus pés... Conheceu os monstros reais, entretanto acreditar nos imaginários lhe parece mais apropriado... Entre as lamúrias que nunca lançou a ouvidos alheios e paraísos que inventou, dormirá a mulher.. Mas, acompanhada sempre DELA em cada vão momento em que só, em meio à escuridão, no silêncio da noite, deparar-se com a tristeza de ser quem é.

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