segunda-feira, 25 de julho de 2011

Partes de Mim VIII


Colo...

Se te tenho por uma vida ou uma tarde
tudo lá fora já não me importa...
a pele fria me arde
não ouço bater à porta...
se a banda que tocava na praça
sentia a minha ausência
eu sinto um querer que não passa
eu privo-me na inocência...
e o mago que assim se diz
que à musa então se refere...
me toca então por um triz
a lágrima não o prefere...
meus olhos sorriem
e me sinto a mais tola
se outros ali me vissem
poesia, por que compô-la?
com todo o desconcerto
que eu tento distorcer
desmerecer as palavras que me dedicas
se me privas de teus olhos faz-me morto
sou ser torto que se corrige em você
um porquê me parece com paixão
ser a impulsão de te buscar
viajar, ler tua mão e o teu sorriso
meu juízo esquecer, libertar
sussurrar como bem dizes...
se desdizes eu é que te vou sussurrar
meu olhar não alcança o teu espelho
desespero o momento em que não está
vem pra cá... nem sei onde pôr as mãos
por que vãos devo deixá-lo me olhar
a pulsar coração faz ofegante
o instante em que me suplanta em palavras
se falavas de castelos e dragões, 
de magias e paixões...
ilusões, nem consigo me lembrar...
afirmar posso apenas que o meu rosto
no gosto de te sentir pode então ruborizar
a face em que me transmuto
a melodia em que te escuto
o calor que ardeu dentro em mim
e extravasou pela pele
derramou-se ao mundo e assim
pressenti o que vem depois do desejo...
o ensejo de encontrar-te 
sempre em um poema mudo
onde tudo sejam gestos
e sentimentos honestos
sejam travestidos no olhar...
E a musa seja então quem te olha...
quem te toca e te devora
quem se molha 
na chuva ou a qualquer hora
salivando o mesmo instante
em que olhos de doravante
 a boca que te devora
arranhe teu mundo perfeito
e crave seu mundo nele
possa te causar efeito
te deixe à flor da pele...
roube o teu lado da cama
e os pensamentos que eram teus
diga então que te ama
mesmo os amores sendo teus...
recuse o que envolve
agarre-se ao teu querer
o que o teu toque dissolve
que ela quer entender...
calor que ainda me prende aqui
utopia que me faz sorrir
flores de plástico para enfeitar
a beleza quadrada que eu não sei enxergar
batem à porta
quero você
por linha torta
estranho querer...
os olhos, olhares...
não sei onde está
os sonhos, solares,
meu medo de amar
o bem que me fazes...
e tudo em que me fascinas
quando me causa saudades
quando me sinto menina
quando eu apenas imploro
inconscientemente por você
quando eu quero teu colo
pra tentar adormecer
ou esquecer só de mim
pra não esquecer você
porque todo começo tem fim
mas não poderei te ver
dobrando a próxima esquina
nem me dizendo adeus
estraçalhando a rima...
e tudo que era tão meu...
então se te prendes à minha janela...
ou se te escondes atrás da porta
lembres que além delas...
esconde-se esta alma torta
que pede colo mesmo sem falar
que grita por socorro, mas ninguém quer ouvir...
que tem tantas palavras e já não consegue calar
quem escreve tanto e tanto...
e tantas linhas só por ti...

Um comentário:

  1. Oi Darla
    Devolvendo a visita e achando tudo gracioso.
    Que a poesia continue habitando nossas almas,
    deixando tudo mais possível de ternura e leveza.
    beijos.

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