sábado, 23 de julho de 2011

Partes de Mim VI


A moça...

Ela é a moça loira que sorri com os olhos
E eu a encontro todos os dias no mesmo lugar...
mas encontrar não significa
que a moça mais bonita pode ler no meu olhar
enxergar cada poema que meus versos 
adversos tentam sempre dedicar
enfeitar a flor mais bela...
primavera, cor e espaço...
quanto abraço perdeu sem se dar
seu olhar é azul de cachoeira
verdadeira confusão
ilusão de sentidos e promessas
adversas profecias 
poesias de um homem que se esconde
mas por onde procurar
se tocar cada dedo de seus gestos
tão honestos os seus medos
mil brinquedos hei de ousar
levitar suas tantas agonias
letargias, sardas, sensibilidade e ar
respirar, sua paz de fantasia
sua triste utopia...
...
... sempre por um final feliz
nunca feliz sem final...
triste moça há de ir
ao meu próximo sarau...
há de ouvir meus vãos lamentos
entender meus sentimentos
respeitar minha solidão
opção de que me omito
fuga que não admito
prende-me em seus laços então
coração que é cativo
fugitivo de si mesmo
que caminha andando a esmo
sem alcançar sua direção
chega a crer que é divino
quando os olhos do menino
que sorriem sempre em vão
vão chorar a fome e não
é cantante por viver
é dançante pra esquecer
que o mundo lhe esqueceu
como alguém que se perdeu
pelas mãos dos próprios pais
pela dor dos próprios "ais"
pelo poeta que chorou triste quimera
refugiu-se em primavera
e por mil motivos óbvios
Moça linda... Ah quem dera
eu me atirasse ao abismo
e atirasse ao destino
o destino de te encontrar
mas as ruas se confundem...
os segundos fugidios desaparecem
 e você ainda é
o que esta infante mais quer
para aplacar a dor
para preencher o vazio
para consolar o silêncio
para compartilhar a lágrima
e para me dizer que aquela moça de pele branca
e olhos sorridentes
é o motivo pelo qual ainda escrevo todos os dias
e transformo meus sentimentos em poesia...
mas, eu... não sou eu...
e a moça não é a moça...
e então tudo o que se escreveu
talvez nem mesmo entenda a moça
nem mesmo entenda eu...

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