quarta-feira, 27 de julho de 2011

A Força do Silêncio IX

Trégua

 A mão fechada alcança o rosto
Os olhos azuis tem fúria...
O punho, o soco, o sangue
faces da mesma ação...
Os mesmos meninos hoje são homens
mas se consomem em uma raiva pequena
em plena falta de razão
efusão de sentidos bestas que se acumulam
apunhalam, registram indignação...
no coração palpitam os sentidos
contidos, retidos, berrados...
atirados ao meio da rua
em carne crua o disparate
bate no rosto amigo...
comigo carrego a surpresa...
sutileza em nada fazer...
nada há de haver, mas deixe estar...
ei de me encontrar arrependida...
todavia eu já não tenho
eu já não venho e já não quero
naquilo em que me esmero salvar o mundo
imundo covil de seres egoístas humanos
se profano em palavras cada um deles
a reles sensação que me toma é maior...
o rosto vermelho dá conta da ira...
partira um dos dois lados 
apressados os passos, o suor a escorrer do rosto
o desgosto noutra face fez morada
mas a minha estrada era outra
e se eu não pudesse salvá-la
nem a palavra salvaria aqueles mundos
profundos mares de adolescência...
a dependência, a raiva, a explosão...
e enquanto a escola às escuras se fechava
andava por qualquer estrada
indo a qualquer morada
carregando seus 16 anos nas costas
mãos postas, a mochila negra e os livros...
cadernos e infernos particulares
lançados ao abismo da raiva...
paira no ar ainda
uma mal-vinda sensação de preocupação...
coração pergunta qual o desfecho
mexo dentro em mim as sensações
emoções que eu não poderia ter...
como termina a discussão?
o que é feito do menino de olhos azuis?
quem limpa a sua ferida?
acalma a sua vida?
quem lhe fará curativo?
libertará o cativo
prisioneiro de sua ira pequena e triste
que de dedo em riste
ainda apontará para muita gente
e de forma inconsequente
oferecerá a face ao tapa
e a cada etapa aprenderá pela dor
o que não quis aprender por amor...
se foi só mais uma briga de escola
ou mais um sentimental a pedir esmola...
não quero mais discutir
não posso se quer ouvir
meus braços pequenos e tão preocupados
se abrem e tentam salvar o mundo
mas entre perdidos e achados
há um espaço extenso e profundo
entre o que eu quero e o que os meus braços alcançam
entre as coisas em que me esmero e aquelas que hoje me cansam...

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