sábado, 20 de agosto de 2011

Partes de Mim XXV

 

Alma transparente

Alma transparente...
que escorre nos sorrisos e deposita-se em palavras
tudo o que falavas ontém...
é a parte de um encaixe que precisava
ser complementado pela peça do ouvir
as palavras derramadas
deixaram ver que precisavam ser ditas
os olhos brilhantes da mãe
da amiga e da poeta que aprisiona imagens
eram um porto de passagem
de um ser estático para algo pulsante
de feições exultantes
sorrisos...
palavras... olhos brilhantes
e a menina dos olhos...
é mesmo uma menina linda
criatura divina
anjo de verdades e de olhares
desconcertando decorações
pulsar de dois corações
mãe e filha
partes iguais de uma vida diferente
conta teus passos, portos, promessas
liberta a estrada da qual começas
a perceber a direção em mim
que guia ao teu estado, ao teu país
espontânea moça
um dia em que me ouça
cantada será a música que te escrevi
para escrever outras de mim...
verdade derramada...
sem pudor, sem dor, sem nada
movimentos e sentimentos
as vezes a ausência na tela mágica
as vezes a prática ação
dos verbetes e das verbalizações
as vezes suaves canções...
agradecimento seria infame?
infame seria não dizê-lo...
portos de chegada e partida
de longe ou perto te vi chegar
gotas de oceano disfarçadas em mar
chuva e silêncio, vento e solidão
a menina dos olhos
seus passos no chão
alma transparente, branca, limpa
imagens nas quais se prende
tintas e pincéis dos quais se pinta
poesia sem rima na qual se derrama
olho e diamante
conforto, livro, cama
perfeita simetria
da sua inquietude ao mar sereno do amado...
retorna e contorna
cada descaso com mais um sorriso
indeciso sentido me falta em palavras
a vida da qual falavas
caiu-me em graça de escrever
e de colocando o mundo em conto
entender
e de repente
alma transparente
pareceu-me rosa clara
clara alma amorosa
pareceu-me ter espinhos
mas em quais caminhos
eles não existirão?
peço em refrão
que hajam realmente dificuldades pra chegar
porque só assim a beleza de valorizar
tocará o ser que dela se enamorar
rosa clara rosa
terna alma transparente
pulsa dentro da gente
e da poeta que aprisiona o tempo
do espaço de um abraço
na sensação de um compasso
descompassado de amor de inverno...
ela chega junto com o distante
ela não é amante
mas é amiga como quem dera
em qualquer primavera
se encontrasse em verdade outro ser
ela é mais uma possibilidade para o querer...
mente aberta e coração sereno
fala de verdades, de sonhos quimeras
de pra sempres de quem deras
e chuvas que caem na cidade distante

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