quinta-feira, 18 de agosto de 2011

De Pó e de Poesia XXVI


Composição

A rima ligou amor com dor e desfez
a flor de suas pétalas em cor
Mandou inventar um dia
homenagem ao sentimento?
oh não... Triste ironia...
O povo apaixonado só pensa em economia
vender comprar traficar
aquilo que era amor
mastigado e jogado na calçada
com rima ou sem rima, rancor
virou amor naufragado
no desagrado do escuro
na escuridão do vazio
a luz me disse bom dia
e eu corri do arrepio
da face que me persegue
e que agora me segue
não quero nem mais olhar
eu lembro do encantador
e é meu o encantamento 
não aguento mais 
espera longa, mas estrada certa
pode estar deserta
mesmo quando a multidão
firmar seus passos no chão
solidão ainda existirá
porque não é o mundo
é só um mago
o que pode entrar, fazer estrago
aconchegar-me em afago
apaixonar-me em apego...
e se mais tarde eu chego
ele está a esperar...
O PONTO DO AMOR É O ACASO?
destino ou conveniência...
sorte ou azar...
o tempo dirá...
que tempo?
eu te quero desde que não te conhecia...
em qualquer hora do dia
em poesia e muitas vezes em outros lugares
na verdade além dos bares
ou até neles
te quero todo o tempo
queimando a minha pele
gele meu lábio ao toque do teu
quando te vejo paterno quando te vejo amante
quando te vejo em aneis de fumaça eu acho graça
acho graça em tudo
eu me perco e me encontro
e me desmonto na tua imagem
qualquer paisagem
transformada na tua voz
mesmo que a sós
há uma timidez que me impede
ou uma sensação de que você me prefere assim
há em mim
no mundo
no mais profundo espaço
do abraço que quero te dar
um rio de águas calmas
e um oceano de águas turbulentas
cada um escolhe suas tormentas
escolherá você viver as minhas?
Composição dos meus dias...
composição de meus pensamentos
composição de meus desejos
futura composição de meus planos
se os anos passarem ligeiro, dá-me alegrias
Se as cores morrerem em qualquer esquina
ensina que há em mim parte do teu sentimento
provoca-me um beijo
apaixona-me em ensejo de compor-te
O que resta para dizer?
A estrada está ali
segura a esperar por você
A bagagem traz consigo 
um pouco do mundo
e um muito de mim
eu não peço nada
além de colo em que me confortar
nada além de servir chá de menta
quando o cansaço aumenta
e você sente a cabeça pesar
não peço nada além de te olhar
por mais de um minuto
por um segundo
apenas
por uma vida
breve ou extensa
peço apenas ver-te sempre
mesmo que sempre dure um dia
mesmo que ele dure um respirar
mesmo que ele não resista ao vapor
mesmo que pra sempre seja nunca mais...
 e confesso, eu minto
não quero o nunca mais
quero o seu olhar e dele a paz
que me faz sorrir sempre 
que meus olhos te vêem 
e minha mente flutua sem querer...
por todo o que tempo que penso em você
ou seja...
se estou ausente
meu sentido ainda pressente
uma parte de você
apaixonando minha mente
enternecendo meus dias
e obrigando-me à poesia
mesmo quando fogem palavras
e não encontro a harmonia
nem delas e nem de mim...
e nem na janela
que desde muito
vive assim...
aberta
desperta
lilás...
esperando que de outro cais
aporte um navegador
dispa-me de toda a dor
e me abrigue em porto seguro
e me proteja do escuro...
do escuro de mim mesmo...

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