sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Partes de Mim XXI


À flor da pele

Eu estou aqui envergonhada
a cabeça baixa denuncia a insegurança
nesse espaço que nos separa há uma longa estrada
e fios tecidos de esperança
minha lembrança é feita de seus pedaços
meu corpo frio quer seu abraço
e se me enlaço em suas memórias
histórias que eu não lembro
planos confusos que ando revendo
relendo poesias e recantando canções
volto ao quintal dos corações
ilusões... uma parte de mim inspirada por você
porque ainda vem tão tarde?
arde em mim uma sensação
que em canção
pede cada vez mais cedo e grita
vem sem medo
que o meu interior é um universo
que há um ser reverso refém de mim
que assim se prende em você todos os dias
enquanto grita poesias de amor perfeito
bate cá, dentro em meu peito
dentro em meu mundo
dentro em meu quarto de dormir
um sentimento rarefeito
que se potencializa e é profundo
que cabe em meu sorrir
minha criança...
a sua lembrança
traz para mim um céu nublado
um sonho, um verso, um sinal
poema visceral
frases em preto e branco
sonhos monocromáticos
misturas de riso e pranto
sons enigmáticos
rompantes de serenata
cores de arco íris
íris em muitas cores
muro derrubado
laço desenlaçado
poemas ,verdades, amores, 
emblemas, suspiros, lugares distantes
flores de plástico, perfumes e mais flores
pistas e aviões
portos de partida e de chegada
paixões e frases mal acabadas
o caos que te encanta
transforma-se em vapor
e é tudo teu, meu amor
o vapor, a poesia e a estrada
os aviões e a minha necessidade

**********

Paredes brancas e a lembrança
é tudo teu
a mão que desliza e os dedos
e a sensação e os medos
a água morna que toca o corpo
os olhos que estão fechados
o pulsar descompassado
bate um coração
cresce uma sensação
o corpo, a pele, o calor
faces de um mesmo amor
o desejo que explode e derrete
silêncio
respira pesado
respirar descompassado
pulsa mais rápido
e de corpo inteiro
desejo não mais é prisioneiro
cresce e se espalha e é pele
toque, água que escorre
e morre no infinito de seu sonho
 o agir ao qual me proponho
desce ao espaço
o desejo
queima em ensejo
de ter a pele tua
de tê-lo em pele nua
roçar dos lábios
as cores
que eram brancas e se avermelham
e os amores
e as gotas que espelham
em calor
ou em simples vapor
uma face distante
que o toque em errante
e contínuo deslizar
faz querer, ousar
entender
que há no vapor
um pouco do calor guardado em ti
e um pouco do desejo que está em mim
a boca...
louca figura à sua procura
os dedos, cavaleiros alados
que os lábios sussurados
recitam em respirar fundo
excitam em aneis de vapor...
há um acelerar, um rápido pulsar
que foge do peito e ganha o infinito
há o instante mais bonito
em que tudo é calor
em que tudo é vapor
em que não se vê mais paredes brancas
em que presente está a lembrança
em que os olhos de calmaria
são desejo
há um momento no qual eu te roubaria
para tê-lo em doce ensejo...
intenso, profundo, pulsando
forte e quente
e eis que a gente
apenas estremece
e esquece de tudo
e há um momento
em que o pensamento é quase nulo
e depois um derreter
um enternecer
um descansar em braços
que separados estão
em espaços não calculáveis
mas é quente
e tem calmaria
o momento em que o estremecer se esvai
e o desejo derrete
e escorre como a água morna
e a lembrança se torna
doce como a poesia 
leve como a fantasia
em que te encontro
para aquecer-me
e pulsar mais rápido
e derreter
e mesmo enquanto as últimas gotas caem
sinto-me a te querer
mais e mais
entre os espasmos involuntários
de uma lembrança que queima
que toca...
que sente...
que é quase real...
que é quase fantasia...
que é um pouco de tudo o que espera por você
quente, calmo, intenso... sem porquê
apenas espera... conta os dias...
e aconchega-se na calmaria da lembrança
e nas tuas palavras...
e em todas as histórias
em que você transforma em memórias
aquilo que ainda não temos
o sentimento que sabemos ser nosso
sabes que não posso mais fingir que não há aqui
o mesmo calor que há em ti
e que a cada respirar
um pouco maior do que é meu
perde-se em um mundo tão teu
que chego a pensá-lo junto com você
que chego respirar o seu querer...
que chego a respirar todo o tempo em que te penso
e pensar em ti por todo tempo em que respiro
obrigada pelo calor e pela palavra
pela lágrima e pela voz
pelo instante em que estais
porque fala de mim e de você
mas sempre fala de "NÓS"
eu te pressinto
te sinto e não resisto
porque não existo em calor
se não há você, nos sonhos e no vapor...

Nenhum comentário:

Postar um comentário