sábado, 27 de agosto de 2011

Partes de Mim XXIX

 

Gota de anoitecer...

Canhões, construções e histórias...
quem acredita em magia,
quando existem memórias?
As almas perdidas
retornam do abismo de um fim
que se perde em almas esquecidas
que se perderam dentro de mim...
Tem magia na ilha, meu bem
Porém, há porém
Como posso não crer no sonho?
Como posso não torná-lo real?
flores no quintal...
da lente de aumento, o ganho real
Sai pensando
e pé na estrada
ilusão te devorando
a minha alma inclinada
em rosto pálido de amanhecer
de anoitecer e te encontrar
em rosto pálido de te esperar
em olhos negros de te merecer
poesia musicada pra te dedicar
letra do poema que eu não sei escrever
eu quero te manter
nas linhas em que me perco
eu quero me perder
no mundo em que te encontro
sombras e paredes
gritos e sussurros
atem-se em minha rede
derrubem-se os próprios muros
aos murros por eles mesmos
caminhares a esmo
já não irás
nas iras e ironias
eu te farei poesias
muitas mais do que nestas noites
em que saudades são açoites
em que gritos são amores
em que todas as dores
são palavras despejadas
nas curvas das estradas
que terminam logo ali
nos versos que não tenho aqui
ouve esta noite o que eu quis te cantar
a dupla em harmonia...
em alegria te espero sempre
guardo cada passo em minha mente
da ponte distante ao quarto de hotel
lua de mel
prefiro suco de limão
acidez e coração...
quero teu céu,
mas sei que teu inferno me fará melhor
Um santo, um sábio, um louco...
De ti mais que um pouco,
mais que um lábio,
mas que um mundo
de ti saliva que se derrama
em pares de bocas
pares de lábios
encontro de olhares
cortinas, janelas, lares...
Um santo que me condena
um louco que me envenena
um anjo que me protege
estaria ali Castiel, Gabriel, Rafael...
Qualquer um dos anjos que não fazem diferença
estaria ali a tua presença?
um canto de adeus
um canto aos sentimentos seus
que eu dedico
que às vezes explico
ou tento explicar em vão...
Um santo, um sábio, um louco
invade meu coração...
Um sábio, um louco, um santo, 
envolve-me em seu encanto...
Um louco, um santo, um sábio...
Me faz saudade, felicidade
gota de anoitecer
colo de acordar
braços em que me perder
cores a imaginar
paredes de aquecer
cortinas a afastar
invasão quente em corpo frio
ideias que preenchem o meu vazio
sentidos que devoram o meu ser
te ter
e me ver em ti
estar aqui
mas estar aí o tempo todo
todo o tempo
sem lamento ou sentimento
presença é presença
a diferença da distância
apenas embala a infância tardia
que as vezes faz-me alegria
mesmo que na tua saudade...
Um poeta, um louco
sabe um pouco mais
do que eu guardei pra ti
um instante...
na estante...
um livro velho que eu nunca li...
E se eu quero lembrar
se eu não posso esquecer
eu quero te pensar
preciso compreender
um sorriso...
um paraíso...
no deserto, a lágrima por vir...
Diamante...
inconstante...
cego, sábio, lábios comprimir
bocas a beijar...
corpo de abraçar...
colo de aquecer...
braços de envolver...
Tão longe, cedo ou tarde...
veio possuir...
Um mundo, um absurdo
meu céu que vair cair
De paraquedas sobre seus ombros
os seus sapatos...
os meus escombros...
os seus abraços...
os seus refúgios e os meus pedaços...
os meus vazios, seus descompassos...
não há mais espaços...
não há mais saudade
foi-se a dezena
ficou a unidade
e quando nem ela existir
sei... estarás aqui...
pra dissipar a tempestade...
pra me fazer calmaria...
pra mergulhar na umidade...
dos ares litorâneos dessa ilha...
em que deixarei de te fazer palavras...
em que te farei mais que poesia...
UM SANTO, UM SÁBIO, UM LOUCO
um anjo distante que me faz saudade
que me faz lembrança e que se faz verdade...
Ele chega antes da tarde
ele deixa a pele que arde
o fogo que queima
a alma que invade a alma
ele deixa a calma
a calmaria depois da tempestade
é feito de muita cidade
e um pouco de história e palavra
ele falava de um mundo medieval...
de um sonho, de uma quimera...
sensação de espiritual...
fascínio ou fascinação...
UM SÁBIO, UM LOUCO, UM SANTO
derrama seu encanto
sobre o meu querer, o meu pranto
é feito de estrelas frias
e sóis quentes
de sonhos e letargias
e mãos frias e dormentes...
ele traz coração quente
ele faz alma aquecida de se tornar
é o deserto em pleno mar
que se ocupa
é o espaço vazio que se permuta
é o invasor que se torna habitante
é o amor que invade o infante
ser que aqui escreve
palavras que não deve
gritos de amor por vir...
alguém que apenas sorri
na saudade, na lembrança...
no lábio molhado...
molhado lábio...
sei que está pra chegar
sei que irá me tomar...
qual bebida quente
qual alma gelada
um anjo ausente
que me espera na curva da estrada
... Está pra chegar e tocar levemente meus lábios...
UM LOUCO, UM SANTO, UM SÁBIO

***************************

Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!
(Olavo Bilac)

Nenhum comentário:

Postar um comentário