domingo, 7 de agosto de 2011

De Pó e de Poesia XXIV


Não sei mais...

Aconchegue-se em mim
e deixe eu lhe falar
que quando estamos assim
eu não consigo lembrar
momentos, horas, lugares
eu sei preciso falar
que eu não sei mais
acordar sem procurar
as suas pegadas
marcas suas na minha estrada
não sei mais olhar meu mundo
sem projetar a sua imagem nele
não sei mais falar com você
sem sentir queimar minha pele
em vontade incontrolável de tocar seu rosto
beijar a sua face, sentir seu gosto
deixar que me guie pela mão
ou te guiar
quando um aperto no coração
disser que estais a chorar
bem longe... do outro lado da minha sala de estar
onde eu quero estar
a esperar o seu sorriso
ou a sua gota salgada
de lágrima guardada
o meu bem querer tem a cor
do ambiente em que se esconde em amor
é a paixão que aflige com palavras
não precisa de sons
pode se valer do silêncio
o meu bem querer
cresce a cada dia
e só não é total alegria
porque ainda parece distante
como uma montanha desconhecida
de difícil escalada, confusa subida
a paisagem vale a pena
mas a alma em serena confusão
pergunta-se se será capaz
de chegar ao ponto mais alto
ao instante mais amante
em que a montanha se renderá
e o poeta prenderá sua imagem
em palavras de fascinação...
paixão...
se os dias se arrastarem
ainda assim eles passarão
e chegaremos a ilha mágica
onde os corações partidos
voltam a estar unidos
onde as partes divididas
voltam a compôr a mesma canção
onde a fascinação é uma estrada
e a ilusão
uma incômoda situação
deixada para outros tempos
sentimentos
são as portas que abro pra você
são as janelas baixas
para que se portas não forem suficientes
haja como burlar a segurança
na minha lembrança o primeiro contato
ao som de vozes combinadas
minhas lágrimas derramadas
enquanto as palavras compõem estas linhas
perguntam por você
detestam sua ausência...
precisam sentí-lo por um instante que seja
ou por uma vida, veja
sinta, ouça o que não precisa de ouvidos
concentre o seu coração
guarde-o na freqüência do meu
a pele que ardeu agora
implora
dure mais, muito mais, do que a escuridão durou
calce seus pés
e não me deixe querer a fuga
guarde-me em seus braços
expulse outros espaços
não sei mais pensar
sem a sua trilha sonora
não sei mais escrever
se não for por você
não sei mais sonhar
sem prever a sua presença
eu simplesmente não sei mais
dormir, acordar, viver sem pensar em você
a cada expirar, a cada resistir
um pedaço de mim está a partir
corre pra te abraçar...
e pelo espaço de um segundo
atravessa um mundo
inteiro de tempestade
pra te gritar 
que me invade agora
uma pitada de caos e um universo de você
e uma vontade enorme de dizer
...
eu prefiro você

2 comentários:

  1. Lindo... amororo, humano, desejoso... profundo e consciencial... Obrigado pelo link... bom acordar com uma leitura sensível e de quase pele humana... ;)

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  2. o sentimento só é válido se o leitor consegue alcançá-lo... grata pelo comentário e pela sensibilidade...

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