domingo, 21 de agosto de 2011

De Pó e de Poesia XXVIII


A ternura é meu lar...

A ternura e a leveza
na beleza dos passos que se aproximam
amam o espaço que nos separa
amo o universo que nos compara
eu me envolvo em mim
eu me apego em lençóis
julgue as palavras
não me importa
queira a porta
o espaço em que adentro.. 
queira-me por um momento...
peça paz e paciência
por mim ou por você
queira que a ciência
tente me entender
disputas e díspares imagens
quero que as paisagens
passem despercebidas mesmo
quero que caminhe a esmo
quem não sente sem julgar
quem mente para devorar
o meu espítiro em ternura
quem me quer em tortura
nada do que escrevo é seu
então não se importe
apenas mantenha meu
aquilo que me suporte
palavras, pronomes, concordâncias...
a ternura é meu lar
e nada mais importa...
há uma estrela por chegar
eu abro a porta
eu cruzo a estrada
eu me pego encantada
a ternura é meu lar
há uma calma no caminhar
você não precisa entender
você não precisa aceitar
nem tolerar meu português errado
nem exigir que ele seja correto
você deveria ter pensado
deveria deixar o seu deserto
e saber que há nos erros um planejar
mas a ternura é meu lar
e você pode dizer...
você pode pensar
perseguir minhas palavras
pode até me odiar
pode até nem me olhar
pois a ternura ainda será meu lar
e quem precisa entender 
quem não precisa explicar
quem pode tudo sentir
quem pode tudo acalmar
estará aqui
nas palavras
nos sentidos
mesmo em ausências
nos destinos
finais de noite e começos de dia
aconchego em lencóis
como quem se aconchega em amor
lá fora outros sóis 
outra vida e outra cor
que não precisam entender
porque aqui há ternura
palavras duras?
para que usá-las
há um ponto de partida
um universo de chegada
uma ternura em minha vida
que aguarda a sua estrada
e você o que alimenta?
jogos de azar
ou gratuitas palavras de agressão
alimenta solidão?
e o que faz dela?
eu abro minha janela
afasto as cortinas
penso em mim 
em cada menina
que já fui
em cada mulher que me tornei
e tenho certeza
como a de respirar
que a ternura é meu lar
Não há espaço e nem virtude
que me afaste ou me mude
do que sou e do que quero
eu acredito em mim
eu espero
espero pelo mago e pelo meu mundo
o afago e o respirar profundo
eu não vivo do ressentimento
eu não mais lamento
não quero forçar os atos
espero pelos fatos
os que alimentam a ternura
os que fazem ter paz
os que me querem alma pura
os que me deixam bem mais
segura de mim, em paz, com você
eu me envolvo em lençóis
desenho sóis
mudei de objeto
em ângulo reto 
eu faço a poesia de você
eu faço de você a minha poesia
o meu sorriso aberto
o meu olhar desperto e a ternura é meu lar
na paz e paciência que você pede
na tarde ensolarada em que aparece
através do vidro em que não
pude fotografar a visão
da tarde em que o telefone tocou
da tarde em que você se aproximou
ainda mais do meu colo
não sou mais solo
sou parte da harmonia
respiro sua alegria
não sou mais solo
sou agora o ar
que absorve em seu respirar
profundas gotas de amor
profundas palavras em flor
e o veneno que se derrama de outros lábios
perca-se em sábios caminhos
porque a ternura é meu lar
e eu só quero chegar lá com você
abrir as janelas...
amar as cortinas
dilatar a retina na luz baixa
acha o caminho até mim?
velas e sua luz, luz de velas
perco-me em janelas
em cortinas, em letras, em seu olhar
perco-me a viajar
eu encontro o espaço
devoro o abraço
alcanço o sorriso
permaneço indeciso por instantes
encontro os diamantes
e Lucy sorri
eu sei que há mim uma tempestade
mas sei que há um fogo que arde
apenas pra te ver chegar
eu não quero me perder pra te encontrar
eu quero te encontrar pra entender
por que a ternura é meu lar
se ela nunca foi até então?
o meu conforto, o meu lugar...
e por que toda vez que durmo
é pra tentar te encontrar?

"Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância." SimoneDeBeauvoir

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