quinta-feira, 8 de setembro de 2011

De Pó e de Poesia XXXVIII

 

As pequenas grandes diferenças...

A diferença entre o pecado e o prazer
podem ser os verbetes que completam a primeira letra
a diferença entre a lua e um planeta
pode ser o espaço de onde se pode ver
A diferença entre a mordida na maçã
e o sabor de qualquer sentido
pode ser a alegria fria e fã
de uma tristeza mal escondida
não há vida dentro da vida
nem sonho dentro da mente
não há qualquer de repente
qualquer sonho que se quer expôr
é algo que dentro da gente
nos faz sentir mais amor
quem despetala a flor
conhece o seu objeto direto
leva em sentido reto
a delicadeza da pétala desfolhada
folha macerada
quem conhece a ponte
não atravessa sem dar a mão
ou cantarolar em canção
a vida que se bebe da fonte
das letras do existir
não há diferença entre a palavra e o silenciar
o que existe é o pesar
de não ter aos ouvidos
o amor pressentido 
nos versos da dama de vermelho
no vampiro que agride o espelho
da própria alma arredia...
a transfiguração da poesia derrama
falsa loa de letra profana
se não há diferença
para que dizer
que a alma é mais intensa
se vive por te escrever
e se te escreve para evitar
que o sentimento transborde antes
antes que você possa chegar
apenas mais uns instantes...
alguém bate à porta
a diferença da hora torta
 é o paraíso que te agride
a vida inside
em processos lentos de amar
em calmas eternas de esperar
em diferenças cruéis de se desesperar
não há como calar
nem há como omitir
a leveza e a ternura que está por vir
mas a diferença tão pequena
é também grande a todo o mundo
a certeza serena
de que há um horizonte mais profundo
que não vê diferente
o sentimento que a gente
guarda sem perceber
que cabe dentro do verso
que acabe dentro da mão
que transforma nosso universo
em um sentir em canção...
a diferença entre a proximidade
e a distância que invade
é a saudade
a diferença que separa o hoje
de outros dias
é ter a sua poesia
presente na harmonia
do porvir...

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Ela era feita de fases, como a Lua...
Ele trazia nas mãos encantadores poemas...
Na hora do encontro fez-se o silêncio...
Os lábios juntaram-se 
e o frio se dissipou...
a vida descongelou...
as diferenças se igualaram
os mundos e dores se amaram
a pausa os libertou...
em dias nem tão iguais
em horas pouco convencionais
juntaram os pedaços
reduziram os espaços
calaram no abraço
a vontade de gritar
o quanto podiam amar
mesmo sem ninguém saber
mesmo sem ninguém falar
mesmo sem ninguém pensar
porque não precisavam de ninguém...
eles só precisavam acalmar
os corpos naquele abraço
e juntar os dois pedaços
de um só coração que quebrou
a diferença era um conforto
e o riso torto era a saudade
ninguém sabia se ali havia tolice
mas todos sabiam que havia amor...

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