quarta-feira, 28 de setembro de 2011

De Outros Tempos XXV



Versos Imperfeitos 

Não sei se te guardo ou se te perco
Se te guardo me perco, se me guardas
Te perdes e me perdes; e este cerco
Mais se acerca se chegas ou se tardas...

Nada perdes, amor, pelo qu percas;
Amor, se te perder nada mais guardo,
Porém sei, eu me perco se te acercas
E me perdes de amor, amor, se tardo...

Sê, pois, oásis promissor e ao mesmo
Tempo, engano intangível de miragem
E deixa-me buscar-te andando a esmo...

Mas guardando a esperança que se trunca
De nem saber se existe a tua imagem,
E assim te guardo sem perder-te nunca...

Posto que em vão te espero e desespero,
Não te arreceies de negar-me o rosto
Tratarei de viver neste meu posto...
Onde morro do amor em que me esmero...

Nenhum amor por outro frutifica
Se tão horrendo crime em si pratica...
Aprende a ouvir o que o silêncio exprime
Ouvir amor com os olhos é sublime...

Quando amor jura amor como verdade
Nele eu creio e no entanto sei que mente
Julga-me enfante de mais tenra idade
De falsas sutilezas inocente...

Ainda assim é meu amor tão raro
quanto as mentiras com que te comparo
Bordando um monograma em corpos sobre o leito
Desenho nos dois, meu verso mais perfeito...


(Escrito em 26/06/2000)

Um comentário:

  1. E quem disse que as meninas também não são um pouco mulheres... Há 11 anos você era adolescente... Sempre impressionada com os sentimentos e as palavras...

    Parabéns... (Rosa Maria Mendes)

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