terça-feira, 18 de outubro de 2011

Amor em pares: Sobre Laura e Arthur XVI

 

E Agora era Sonho...

Uma noite rolando na cama e sonhando com poéticas gotas de chuva, aleatoriamente respingando o telhado... Arthur trocando os pesadelos de outras noites chuvosas, por uma noite enluarada em que ele sonhou com pingos de chuva e com um vestido de flores pequenas que aderia delicadamente ao corpo da pequena jovem.  O vestido era o mesmo da fotografia, o mesmo que tinha cheiro de guardado ao fundo do velho armário, embalando as doces lembranças da caixa de recordações que ele já não abria há dias. Do outono fez-se o inverno, nem tão chuvoso quanto outros tantos, nem tão frio como deveria ser... Pesadelos transformavam-se em sonhos, onde gotas de chuva caiam ao embalo de trilhas sonoras densas e sensíveis. Em qualquer Vivaldi, que jamais seria um Vivaldi qualquer, a poesia da lembrança de uma moça... De uma menina que se chamava Laura. Às vezes ela sumia e ficava dias sem dar notícias, mas quando voltava sorria mais e, agora, contava histórias do velho homem, aquele que era seu pai, aquele que não o fora por muito tempo. Laura que não tinha mais tantas tristezas no olhar e que cantarolava qualquer bobagem sempre que pensava estar só... Mas, ele sabia que ela sabia que ele estava ali, no cômodo ao lado, mesmo que as máquinas de escrever já não tivessem as teclas barulhentas e compassadas de outras épocas... O assoalho da velha casa de madeira denunciava até mesmo o respirar que Arthur quase evitava, só para concebê-la como ela realmente deveria ser ao pensar estar só...

Nenhum comentário:

Postar um comentário