terça-feira, 18 de outubro de 2011

Três Pontos Negros IV

 

Três Ponto Negros

Palavras são só folhas ao vento e você sente-se tão cansado do tudo, tão cheio do nada, de um vazio que nem sabe ser vazio... Você diz que nada o acalmará... As câmeras estão ligadas agora e temos telas mágicas... Você escreve um suspiro, fala de tantas poesias, dedica músicas, compõe infames verbetes só pra debruçar o meu ser a admirar os seus olhos... Um livro que se chame Três Pontos Negros... Sei que era pra ser de poesia, mas ela aqui me falta se não é por ti que a escrevo. Criticam meus pronomes em algum lugar agora eu sei, mas lêem cada pequeno resquício deles mesmo assim... Sou pó e poesia de outros tempos, pequenos pedaços de um todo sentido em palavras e escrito em sentimentos... Transbordam agora secas desventuras no lugar em que antes derramavam-se lágrimas... Só por hoje... Só por hoje eu preciso esquecer das facas mudas e de corte cego que rasgam a minha face e deformam as minhas feições... Só por hoje em prefiro esquecer, eu não me esforço pra entender, não quero nem pensar... Só por hoje, procuro um universo inteiro, ou pequenos retalhos que me integrem  a um todo qualquer, que me abracem como antes um braço de abraço quente pôde fazê-lo. Eu ainda tenho circunflexos demais, hífens e acentos fora de lugar e nem me importo. Não há em toda Língua Portuguesa, uma única razão para que eu não sinta com circunflexos, não respire com hífens e nem ao menos abandone a qualquer aposento a trema que às vezes cai como luva em cada respiro sentido em palavras. Tenho tolas sensações a derramar hoje, mas nem sei de que elas são feitas... Não há saúde ou sorte por aqui, meu bem... Cavaleiros negros e distantes também podem se enganar em suas metafísicas e confundir as próprias ideias perdendo-as entre tantos espinhos... Cuidado... De tantos espinhos e ausências também se faz a dor que ás vezes me agride, a agulha gelada que agora visita minhas veias e o véu do meu mundo com constância. A tosca constância de sete dias, sem sete chaves que abram a porta por onde desejo fugir... Sem sete chaves e nem sete anjos... Resta talvez, um Castiel qualquer, pedido em seriados que eu não assisto mais... Dor da sonolência que a tarde dos infantes fez passar mais esquecida... Dor de saudades que já nem sei se são mesmo saudades ou apenas um costume de pensar em você e de querer saber como é que está a menina, você e a história que calhou a ser construída em pares... Mas, tudo está quase em paz... QUASE... O texto agora tem uma conclusão e um último parágrafo, para a felicidade da menina Ana. O conselho ao amigo já foi dado. A palavra foi trocada na conversa com um distante... E-mails não são abertos há dias... Tudo está QUASE em paz... Mas é este quase o que preocupa... Já é primavera e as flores que as poesias me dariam... Por onde é que elas andam? O jardineiro está tão mais perto que o mago de outrora, mas não há sementes nesse solo infértil em que me fiz silêncio, em que travesti o mundo pra não ver... Voltar para a casa, retornar ao lar... Que casa? Que lar? Do que é que falavas? Tudo é gelado por dentro e por fora das janelas transparentes que ainda falam de alma... Nada existe pra mim...



"Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo..."
(Caio Fernando Abreu)

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