quinta-feira, 27 de outubro de 2011

De Pó e de Poesia XLV

 

Mostre-me a Face...

Mas, a ausência
escorria pelos olhos dissonantes...
Era estrela no céu da boca...
Na língua estranha...
No passar em que acaba o instante.
O fogo nos olhos do mago
queimou em cinzas o afago...
Vapor, calor, cobertor...
O sonho desfez-se no acaso...
O rosto de paz se escondeu...
A luz da avenida estremeceu...
O pesado sono
em vil pesadelo...
Eu quis escondê-lo...
Esconder-te de mim...
Mas, não sei ser assim...
Não sei querer mal...
Eu perco-me nas flores,
no quintal,
no sopro silencioso,
na palavra ausente,
a gente se perde aos poucos,
esquece de ser a gente...
Em pedra de construção,
distância ra só ilusão...
Você sempre está ao lado...
No lado direito...
Na carta ímpar do tarô...
Os passos, convés perfeito,
do sonho em que se acabou...
Na noite da eterna espera...
Um mundo que terminou...
Esperas intermináveis,
viagens inadiáveis...
O avião pousou,
o braço abraçou,
o calor aqueceu,
o sentimento não esqueceu...
Espera-te com calma e lar...
Cortinas feitaz janelas...
Nelas o horisonte é você...
Porque tudo está em tudo...
Em mares de se perder...
Em tempos de mensageiros...
Em telas mágicas de te tocar...
De ti pra mim, tudo é mudo...
De mim pra ti é espera...
De quando respirarás...
Respirando mil quimeras...
Que é feito das canções?
Congelaram em salas de espera...
Em dores intravenais...
Mas, um dia, quem me dera...
Morder a fruta e ousar...
Ousar tocar tua mão...
Sorriso de teus lábios desejar...
Perder teus jogos de azar...
Ganhar o céu, me perder...
Não quero mais competir...
Apenas, coexistir...
A tua dor com a minha palidez...
Maciez do teu universo
adverso e sombrio...
Em smbras no olhar...
Enxergar-te caminho errado...
Destino traçado...
Cruza a ponte que te espero...
A mão firme te darei...
Talvez, eu nunca houvesse encontrado...
Talvez, nem nunca encontrarei...
Mas, se é pra ti ela existe...
Porque a sensibilidade é forte...
Em tudo o que te persiste...
Em cada traço de um norte...
Prazer em te conhecer...
Que é na crise que grita o espírito...
Prazer em perceber teu rítmo...
Porque é o que mais preciso...
Ele é parte de você e isso é tudo...
É parte do mundo...
Amor não é forte na bonança...
Mas, quando persiste a amargura...
Quando sustenta a esperança...
Resiste à ausência em tortura...
Amor é sentido na ausência...
Amor é amor sem clemência...
Sem esperar perfeição...
É sol que não traz quietude...
É lembrar-te só em canção...
Não sei sorrir sem te ver...
Já não sei te ver sem sorrir...
É como respirar melhor
e crer que algo está por vir...


Não sei existir: sorriso...
Se só existes: ausência...




2 comentários:

  1. obrigado pela visita e pelo comentário no Casa de Paragens. Desculpe a pressa, outro dia venho com mais calma para entrar nesse teu fluxo, nessa tua noite de outros dias
    abraços

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  2. Com pressa ou com a calma serão sempre muito bem vindas as suas visitas e apreciações...

    Grata pela visita...

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