segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Força do Silêncio XV



O Canto dos Poetas Malditos...

“Âncora... Vela... Qual me leva? Qual me prende?”

O canto dos poetas malditos faz a pergunta. Quem responde? Quem se esconde da pergunta? Quem se omite de uma resposta? Somos capazes de reconhecer âncoras e velas? Penso mesmo que de forma progressiva sorte e acaso se confundem... Cadê a verdade que estava aqui? Verdade!? Qual é a máscara que te veste? A verdade é um ponto de vista. Não pode ser absoluta e abrangente da forma como sonhamos que fosse ou pudesse ser... E o respeito?! Cadê o respeito que nunca esteve aqui? Como podem ter incorporado a palavra quando aprenderam tão pouco sobre a sua prática? Os ditos populares se revestem dos sonhos mais grotescos e as filosofias refletem o óbvio. Mas, se é tão óbvio o que se reflete, por que a maioria não vê? Ah... A necessidade humana de arrebentar o dedão do pé numa pedra, pra perceber através do tato o que os olhos poderiam ter visto... Pedras... Pedradas... Pedregulhos... Formatos tão parecidos com significados tão diferentes... Misérias humanas no bar da esquina: assistem TV, usam as mesmas camisas dos mesmos tipos e times, consomem as mesmas bebidas... A vida na esquina é uma conotação de mundo... Qual a circunstância que proporciona a evolução? Por que o homem regride? ID-entidade!? Quem tem a sua? Quem vende por três listras paralelas de um marca famosa? Hippie-ISMO... Quantos “ismos” a gente cria pra provar que os achismos são um pouco mais que isso? Os moinhos de vento ainda seriam apenas isso, se o homem não os transformasse em gigantes... A imaginação humana é uma caixinha de surpresas? A falta de imaginação pode ser pior... Falando nisso... Cadê a vontade de viver que estava aqui? Deve ter se perdido em alguma indústria farmacêutica qualquer, no roll de cobaias vivendo no modo automático. Profusão de sentimentalidades bitoladas pelos ANTI-depressivos podantes do SER humano. O canto dos poetas malditos reza que “toda vez que falta luz, o invisível nos salta aos olhos”... Difícil, no entanto, tentar perceber o visível em luz que nem sempre é adequada... VARIA-a-ação da luz, varia a visibilidade... A alegoria de Matrix tem muita cara de mordida na maçã... Enxergar tudo o que estava ali o tempo todo, mas a ilusão suplantou a realidade... Desculpem o repeteco, mas a realidade é um maldito ponto de vista e, por isso, ela nunca é totalmente real. É, eu sei, totalidade é uma palavra grande demais para encaixar aqui... Mas nem com lente de aumento a entrelinha é perceptível para alguns... O formato cartesiano torna o todo previsível e entediante... Ah, por favor, alguém me socorra... Cadê o mundo surpreendente que estava aqui? Será que ele nunca existiu? Acho que a gente é que enxerga de menos. Falta coragem para erguer as mãos em uma manhã qualquer, desempoeirar a vidraça e perceber que “não há nada de novo no ovo da serpente” e nada de tão sujo assim no quintal do vizinho... A gente enxerga demais? A gente enxerga de menos? Ou nem quer mais enxergar? È mais fácil ligar a TV e se imaginar em um comercial de margarina... Sonhar em ficar irresistível com aquele sapato colorido e fluorescente da nova coleção primavera-verão de qualquer modismo. Sonhar em usar produtos e ter mulheres caindo aos seus pés... E olha os “ismos” por aqui de novo... E, eu insisto, persisto, resisto...

“Âncora...Vela... Qual me leva? Qual me prende?”

Quando o noticiário sensacionaliza os engavetamentos de uma capital, ele só o faz, porque atende aos que adoram a tragédia... O caos? Não sejamos tolos!?! Há uma certa ordem no caos!?! O caos é uma instância maior... Não ousemos chamar às nossas misérias de SER humano de CAOS... Tem gente demais no mundo e espaço útil de menos... Tem ação demais para atitude de menos... Tanta ordem em quadratizar mentes, tanta desorganização na dinâmica do espaço. Cadê a vergonha na cara, a vontade de pensar, o pote de ouro no fim do arco-íris que estavam aqui? É... Com âncoras e sem velas... Sonhar ainda custa CARO demais... Quantos de nós ousarão pagar o preço? A liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta... Assim terminava o jurássico, sociológico e reflexivo documentário “Ilha das flores”. Liberdade?!? Sonho?!? O que é isso? Cadê a fantasia que estava aqui?
E os poetas malditos podem ter razão ... Amanhã, talvez, tudo faça algum sentido... Ou não...


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