domingo, 20 de novembro de 2011

Partes de Mim XXXVII

 

Que não se mede...

Em canhões perdi a minha identidade...
Tenho fotografias...
Mares de saudade...
Outono em tempestade...
De vento, areia e luz solar...
Frio em que há de me abrigar...
Amor? Quem quer três noites?
Quem quer poesia?
Rompantes de dor, amor?
Quem quer alegrias?
Contenta-me o tempo relativo...
Estrelas cadentes por que vivo...
Vive-se a ponte...
A ilha, o horizonte...
Brinco de fotografia...
Recordações pecam, muitas vezes,
Brinco de encaixotar sorrisos...
Paraísos...
Brinco de sorrir de vez em quando...
Brinco de esconder o pranto...
Porque sozinho eu quase sou melhor...
Porque sozinho sou maior...
Maior que o sentimento que fragiliza...
Que memoriza meus amores...
Sim, tenho dores...
Dores de amar...
Dores de amor...
E quem não tem? 
Mas, se fossem realmente amor
Por que sentiríamos dores...
Se amar é só dor...
Por que tanto bem se fala do amor?
O que você sente...
Não se perde, nem se mente...
Se verdadeiro lhe parece...
Se verdadeiro se confirma...
Continua ali...
Perdoa o imperdoável...
Aceita o inaceitável...
E quer bem...
Ah, como quer...
Quer bem a ilhas distantes...
Quer bem amores e amantes...
Quer pôr no colo e aconchegar...
Ou deseja desenhar...
Sorrisos leves naquele rosto...
Uma breve alegria...
Pelo gosto de fazê-lo sentir...
Cabelos derramam-se pela face pálida...
Sangue quente em rosa cálida...
Negros tecidos em peles brancas...
Afronta-me os olhos o seu olhar...
Gotas de azar em dias comuns...
Estranhos em pares, estranhos comuns...
Aportam-se em mares
amores e olhares...
aporta-se o vento...
transporta-se o pensamento...
barcos embalam a distância...
Muros brancos e falsos brasões...
Elos e corações em prantos na estrada...
Não era tão frio
e nem fazia madrugada...
Mas, a minha alma acordada...
Sonhava estrelas róseas...
Dormia atravessada...
Na cama em que o olhar distante...
Via esticado um diamante
tão raro que a sua coleção
de pedras mais preciosas
jamais faria da rosa
uma parte de seu refrão...
Deboche e contemplação...
amavam-se em outro refrão...
sorriam a dor da gente...
deixavam anjos clementes...
estenderem a própria mão...
chiava o barulho do mar
mas não havia mais canção...
amores e jogos de azar...
areia, vento e mar...
distância e contemplação...
amores em paradoxos e canções
voltavam-se exclamações
atiravam-se peças ao chão...
Do mundo da eterna espera...
Brotava desesperança...
Um amor feito criança
descompassando um coração...
a surpresa de uma chegada...
a ousadia de uma palavra...
um tiro inesperado de canhão...
voltava o soldado distante...
voltava sem ter partido...
Para o forte, ou paraíso...
de onde as flores espinhosas...
brotavam a proteger...
pequenos botões de rosa...
pontes metálicas, mãos amorosas... 
tardes de vento a  escrever...
Organizar por cores...
Tamanhos e prioridades...
Organizar amores...
Que as vidas e as vaidades...
Não cabiam mais nesta história...
Não faziam parte da memória...
nem amor em que guardavam lembranças...
era tarde, não fazia frio 
mas haviam gotas de esperança...


Por @DarlaMedeiros

2 comentários:

  1. E os "Três Pontos Negros"?
    Parou com essa série também?

    Obrigado.

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  2. Uma vida em ciclos... E a escrita também... A bem da verdade nada parou, nada está parado... As coisas só mudam de lugar, só dão espaço ao novo, só deixam espaço à reflexão...

    Eu nunca paro de escrever... Eu nunca paro...

    Seria interessante assinar os comentários para que haja uma maior transparência nas comunicações, já que este é o objetivo de permitirmos que as postagens sejam comentadas...

    Grata pela leitura, pela pergunta e pelo acesso...
    Boas-vindas sempre...

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