sábado, 7 de abril de 2012

Pelo nosso bem...

Pelo nosso bem te deixo ir. Pelo nosso bem, recolho os últimos vestígios deixados pela tua presença e sigo em frente. Pelo nosso bem, troco todas as canções melancólicas por um par de danças insanas... Pelo nosso bem, decido o melhor que há por vir e o pior que se foi... Neblinas da manhã cobrem a caixa de guardados e por detrás das telas mágicas de outrora não restam mais seus retratos congelados, cibernéticos e tão mentirosos quanto tuas palavras calculadas e calculáveis... Premeditadas agonias transformam-se em passo de dança... Aguarda-se um abraço acolhedor que mora do outro lado da rua... Um abraço daqueles sem outras intenções, apenas por acolher um bom amigo. Simples... Tão simples que parece irreal não tê-lo visto antes. Mas, eis que cada coisa tem seu tempo e o tempo de mendigar palavras já não existe. A minha tolerância é uma faca de dois gumes e guarda que, para o nosso bem, não mais a usarei para tentar entender você... Deslealdade tua para com outros não poderei julgar ou mesmo questionar, porque já não quero fazê-lo. Só e simplesmente tenho sonhado com outros tempos, de cara limpa e pés no chão, em horas ocupadas de um trabalho que se ramifica e se multiplica pelos meus dias. Isso talvez, me dê o direito de já não sonhar você. Sonho com meninos que já não são tão meninos, com sonhos que já parecem mais reais, com páginas históricas de um diário qualquer... Eu sonho com abraços. Nem tenho tempo, nem me obrigo a ele se for para perceber luzes verdes que te identifiquem. Sigo só. Simplesmente isso. Como sempre foi e como sempre será. Apenas um copo, um livro, um violão... Nada além... E isso não importa mais tanto quando importava. A solidão é simples. Não há regras, nem é preciso ocultar identidade e opiniões. Basta que estejamos ali. A solidão é uma caixa de vidro nos protegendo de todo o contato que machuca. A solidão é a própria liberdade, embora pareça prisão. Vemos tudo que nos cerca, todas as pessoas, todas as circunstâncias e nada, por certo, pode nos ferir como feriria se fizéssemos parte daquilo. Parece triste estar ou ser assim, parece triste não querer mudar, mas há em cada dor um mistério e um aprendizado dos quais eu não abro mão. Sem pressa, mas acelerada, eu sigo... Não peço desculpas, tão pouco perdão, porque sei que fiz o que eu podia, mas não foi suficiente. Nunca pedirei desculpas novamente, se não fui eu que menti, se não fui eu que enganei, se não fui eu que trai a confiança de alguém que me era próximo... Mas, eis que um dia de uma forma ou de outra a verdade cuspirá seus resquícios na porta do teu apartamento em meio a alguma trilha dark ou um blues depressivo qualquer, porque não é possível que os enganos durem uma vida... Não estarei aqui, já não estou há tempos. Há mais de meio ano eu me fui... Sobrou a casca... Desejo-te vida... A que não tens... Desejo-te paz... A que não queres... Desejo-te amor... O que não és capaz de sentir... Desejo-te distante... Se não podes ser amigo e tuas farpas são o que restou... Desejo-te em dobro tudo o que me desejaste. O mundo devolve o que lançamos a ele... E não entenda isso como agressão, por não ser nada além de um desabafo, o que substituiste pela ausência... Terás, enfim, o que sempre procuraste: o meu silêncio e a minha invisibilidade.

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